Hoje, queria sua presença física. Sei que está comigo, por onde quer que eu ande. Sei que, diariamente, faz questão de rechear minha vida com afeto, apesar da distância. Mas hoje eu queria que você estivesse aqui. Queria não precisar fechar os olhos para ver seu rosto. Queria não precisar olhar fotografias ou mesmo falar pela webcam.
domingo, 11 de dezembro de 2011
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Recordações
Fui hoje, após mais de quatro meses, buscar minhas fotografias de formatura. Já em casa, enquanto procurava um álbum para coloca-las, deparei-me com alguns registros antigos em que, diferente dos atuais, meu avô paterno estava. Quando o vi , forte e saudável, as lágrimas foram inevitáveis. Atualmente, ele anda e fala muito pouco. Doente, empregadas se revezam para cuidá-lo, pois minha avó não têm condições de fazer isso sozinha. Apesar da tristeza, inevitáveis, também, foram as doces lembranças que rechearam minha mente. E é com o intuito de registrá-las que escrevo esse texto.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Que tal um gostoso banho de chuva?!
domingo, 13 de novembro de 2011
Reencontrando-se na infância esquecida
Não sabia que rumo seguir. Estava confusa. O caminho em busca dos sonhos se mostrava tão penoso. Parecia mais fácil desistir e escolher o convencional. Não acreditava que seria capaz de ir em frente e essas inquietações, por vezes, faziam-na tremer.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
O melhor trabalho do mundo!
Há pouco mais de um mês, participei de uma seleção da Student Travel Bureau. Eram oito mil candidatos concorrendo a uma vaga do emprego dos sonhos: viagens para dez países e salário de cinco mil reais. Mal sabia eu que estava prestes a conhecer o melhor trabalho do mundo a poucas quadras de minha casa!
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Palavras que fazem toda a diferença...
Nessa semana, uma ligação especial me fez chorar. Estou passando por uma fase diferente em minha vida. Começando uma nova etapa, elaborando projetos pessoais, tentando encontrar o meu caminho na área profissional. Nessas horas, costumo compartilhar minhas incertezas e minhas decisões com as pessoas que amo.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Outra vez, a despedida
O sorriso preso no rosto desde o dia do reencontro se esvaiu
Transformando-se em lágrimas ao vê-lo ir.
O ponto da chegada era, agora, o da partida.Quantas vezes havia vivido a mesma situação?
A dor, entretanto, era igual a da primeira despedida.Voltou para casa, já sozinha.
Percebeu que, por onde passava, estavam as marcas daquela doce presença,Havia um pouco do perfume, do encanto, dos gestos, em tudo o que olhava.
Respirou fundo por alguns instantes...
Sabia que era a hora de reaprender a conviver com a saudade, Precisava reorganizar o cotidiano com aquela ausência,
E acomodar nos pensamentos as lindas lembranças de quemnovamente, ela iria começar a esperar.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
O que é poesia?!
Perguntaram-me o que era poesia. A indagação inesperada me fez ficar sem resposta por alguns instantes. Inicialmente, tentei explicar de maneira técnica, falei em rima e em métrica. No entanto, sei que nem todo o poema se propõe a ter essas duas características. Disse que era um texto curto. Uma inverdade, já que inúmeros são imensos. Um exemplo são os de natureza épica. Resposta insatisfatória. E a pergunta ficou a me martelar...
Afinal, o que é poesia?
É o entrelaçar de mão dos enamorados, o desenhar das nuvens no céu, a dança das árvores ao vento. É o beijo interrompido, o riso da criança, a dor transformada em lágrima. É, também, o sonho, a ilusão. As reticências, o que não foi vivido, os devaneios, a imaginação. Um apelo, a alegria de uma conquista.
A poesia é muito mais do que texto em verso: é expressão do que vai na alma. É um suspiro, exteriorização do interior. É um estado de espírito. É palavra viva. São poucos aqueles que têm a capacidade de fazê-la com destreza para, não só trazer à tona emoções, mas as tornar profundamente penetrantes.
E esse pequeno devaneio sobre o que é poesia me lembrou de uma que fiz há oito anos. Apenas uma tentativa, que hoje considero bem mais frustrada do que quando escrevi. Decidi postar - a despeito da qualidade - pois ela traduz, em singelas palavras, o desejo adolescente que tinha ( tal pretensão foi abandonada) de ter a sensível alma dos grandes poetas.
EU QUERIA SER POETA...
Eu queria ser poeta...
Para conseguir descrever lindamente
A beleza de um ocaso
E, com poucas frases,
Falar da imensidão azul do céu
E da magnitude das estrelas.
Para conseguir descrever lindamente
A beleza de um ocaso
E, com poucas frases,
Falar da imensidão azul do céu
E da magnitude das estrelas.
Eu queria ser poeta...
Para transformas as melancolias da vida,
Os obstáculos não ultrapassados,
Nas mais tocantes e emocionantes poesias.
Os obstáculos não ultrapassados,
Nas mais tocantes e emocionantes poesias.
Eu queria ser poeta...
Para deixar a todos extasiadosCom um combinar de palavras
Em um soneto.
Eu queria ser poeta...
Para enxergar poesiaNas mais singelas e corriqueiras
Situações do cotidiano.
Eu queria ser poeta...
Para conhecer a arte de manipular as palavrasSaber fazer o encaixe perfeito e, assim,
Expressar os mais maravilhosos sentimentos
Em apenas algumas linhas.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Um grande desafio!
Tudo começou em um dia que sai de casa em busca de uma história. Máquina fotográfica, gravador, bloco de anotações e caneta. Fui às ruas, com olhar atento, procurando personagens. Andei, andei e andei. Estava no final da Duque de Caixas, desistindo da empreitada, quando passei pela Garagem dos Livros.
O local fica em frente ao Gasômetro e ganhou visibilidade em setembro , pois abriga a obra da artista Élida Tessler pela 8º Bienal do MERCOSUL. Foi matéria na Zero Hora, nada de novo. Mas algo fez com que eu entrasse. Talvez o fato curioso de uma sapataria funcionar dentro do lugar ou, simplesmente, por ser um sebo e eu nutrir certo fetiche por livros.
Fiquei encantada com o acervo. Se não bastasse a garagem, o corredor da casa tinha estantes cheinhas das mais variadas obras. Enquanto eu as olhava, João – o dono do sebo - aproximou-se e logo foi se apresentando. Ali, percebi que a minha saída em busca de uma história não tinha sido em vão.
Depois das primeiras palavras trocadas, tive a certeza que queria saber mais quem era João Machado, de 71 anos. Saber sobre a sua relação com os livros, sobre a sua vida e o que estava por trás daquele lugar. Não me interessava a bienal, assunto batido das matérias veiculadas sobre o sebo. Eu sabia que - obviamente -, a partir dos critérios de noticiabilidade aprendidos na sala de aula, o evento era o gancho jornalístico para se fazer a matéria. Pouco me importei, até porque eu não estava lá com nenhum compromisso de fazer uma reportagem. Eu só queria conhecer aquele senhor que despertou a minha curiosidade.
Apresentei-me como jornalista. Sem nada programado, sentamos e ficamos conversando por quase quatro horas. Entre um gole de café e outro, João discorria sobre sua vida. A cada fala, uma surpresa diferente e agradável. Eu aprendia sobre literatura e me deliciava ao perceber a sabedoria daquele homem ao relembrar as dificuldades de sua trajetória. Tanta informação, tanta curiosidade, tanto detalhe especial. Despedi-me com a promessa de voltar para terminar nossa conversa, sabendo que havia conhecido alguém com muito para compartilhar.
Hoje, após quase duas semanas, voltei à Garagem dos Livros. Mais detalhes me encantaram. Conheci o João poeta e declamador. Lá se foram quase quatro horas novamente. Deslumbrei-me com a capacidade que tem de se comunicar. A poesia dele é preciosa. Além disso, as palavras - quando não está declamando – também exalam beleza.
Agora, tenho um difícil desafio em mãos. Após dois encontros – com intervalo de quase duas semanas entre eles – possuo, aproximadamente, oito horas de entrevista para transformar em texto. Tenho a missão da edição. É claro, que isso foi resultado da minha escolha. Eu poderia ter limitado a conversa com entrevistado, poderia ter realizado perguntas objetivas que gerassem respostas sucintas. No entanto, preferi não determinar tempo para ir embora. Confesso que talvez tivesse sido melhor para meu trabalho ter programado perguntas e ter dado uma linearidade maior. Entretanto, estou certa de que um pouco da graça e da riqueza de nosso gostoso papo teria se perdido.
Uma dúvida é se, realmente, essa história irá interessar a alguém. Sem muitas pretensões, decidi, a despeito disso, escrevê-la, pois ela me fez lembrar o motivo de ter escolhido ser jornalista. Começo sabendo que a edição será ingrata, pois cada fala teve um significado especial. Creio, porém, que a maior dificuldade será me despir de toda a linguagem jornalística supostamente objetiva e tentar traduzir, através de palavras, a poesia que permeou as falas e os gestos desse personagem encantador.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Direitos humanos para quem?!
Fotos e vídeos de Muamar Kadafi ensanguentado circulam pela internet e são veiculados pelas redes de televisão mundo afora. Pessoas compartilham as imagens nas redes sociais e, com grande entusiasmo, comemoram a morte do ditador líbio, enquanto notícias afirmam que ele foi ferido e arrastado nas ruas pelas forças revolucionárias. Sob os gritos de “Deus é grande”, religiosos demonstram satisfação.
Ao me deparar com as primeiras notícias, instantaneamente, lembrei-me da morte de Osama. Festejos mundiais, jornalistas quase eufóricos na televisão e a mídia norte-americana vibrante. Entretanto, pouco se comentou sobre o fato de os Estados Unidos terem invadido – sem autorização - o território paquistanês para matarem Osama. E mais: onde ficam os direitos humanos? Osama deveria ter sido preso e julgado, não assassinado. Ou matar é válido nesses casos? As leis podem ser ignoradas quando convém, somente por vingança?
Não eram as pessoas que choravam pelos mortos do onze de setembro que defendiam a punição de Osama? Não são favoráveis aos direitos humanos os que lutavam pela queda de uma ditadura que subjugou o povo líbio por 42 anos? E por que a justiça e esses direitos não valem sempre? Paradoxalmente, os mesmos que defendem a não violência, são os que a comemoram. Empregam os mesmos métodos cruéis dos que abominam. Lutam contra a crueldade, ao mesmo tempo em que aplaudem o assassinato do ditador. Desse modo, sem exageros, os dois lados se igualam, pois utilizam a mesma arma.
Matar um terrorrista ou um ditador não seria análago a cortar a mão de quem roubou? Sei que muitos podem considerar absurda a comparação, mas as duas atitudes, no fundo, têm raíz no mesmo pensamento: aqui se faz, aqui se paga. É a famosa Lei de Talião voltando com toda a força: “olho por olho, dente por dente”. Vingança pura e simples, que não resolve absolutamente nada.
Não importa que sejam “os bons” matando “os maus”, uma execução não pode ser tolerada ou festejada em hipótese alguma. Não se pode abrir exceções para essa prática, por mais que nosso senso de justiça nos leve a ter, em alguns momentos, esse desejo. Nunca vou conseguir ficar feliz ao ver seres-humanos serem torturados e mortos.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Tolerância com o outro
Hoje, ao voltar da minha aula de espanhol, fiquei observando, atenta, as pessoas que por mim passavam. Altas, baixas, magras, negras, loiras. Passei, então, a refletir sobre como somos diferentes, muito além das aparências físicas. Cada pessoa possui uma história, está inserida em determinado contexto social e político. Cada um têm opiniões e crenças formadas a partir do que recebeu ao longo da trajetória de vida. E dessa diversidade tão incrível, surge um dos maiores desafios da humanidade: o respeito e a tolerância ao diferente.
A todo tempo, as inovações tecnológicas e científicas mostram o quanto somos capazes de ultrapassar limites. O processo de globalização nos conectou com diversas partes do mundo, com as mais destoantes culturas e línguas. A comunicação com qualquer parte do globo é quase instantânea. No entanto, ainda não aprendemos a olhar o outro.
Guerras e conflitos causados pela intolerância persistem. O imigrante, que busca uma vida melhor nos Estados Unidos ou nos países europeus, é culpado pelo desemprego e pela crise, alvo da xenofobia. O homossexual é espancado na rua. O nordestino – por ter hábitos diferentes do paulista ou do gaúcho – é tido como preguiçoso e burro. As generalizações toscas e apressadas dizem que todo pastor é ladrão, todo padre é pedófilo e todo mulçumano é terrorista.
Os norte-americanos, que se intitulam a salvação para os problemas mundiais, invadem países para melhorá-los e levar a “verdadeira democracia”. O bairrismo dos rio-grandenses, tosco e irrefletido, insiste em aflorar, mas é baseado em uma história pra lá de feia, onde fazendeiros lutavam pelo direito de vender o seu charque e colocavam negros libertos para lutar na frente de batalha e para serem massacrados. O homem branco acha que os índios devem ser civilizados e pensa saber o que é melhor pra eles, querendo destruir com hidrelétricas o ambiente onde vivem há milhares de anos em harmonia com a natureza sem, ao menos, consultá-los.
O outro é sempre um estranho e não um igual. É mais fácil agredi-lo, recriminá-lo, ao invés de tentar compreendê-lo. O que não faz parte da nossa realidade, refutamos, consideramos inferior. Difícil olhar para o que nos aproxima, mais confortável julgar. Pensamos que podemos decidir o que é melhor para os outros. Até podemos crer em algo que temos a convicção de que é melhor para o mundo, mas querer impor essa crença é asneira.
Lutar e argumentar pela defesa daquilo que acreditamos é válido. O problema é quando esquecemos que o outro não tem obrigação de ter o mesmo pensamento e, a despeito disso, devemos respeitá-lo e amá-lo. Não precisamos concordar, devemos é aprender a lidar com as diferenças.
As relações interpessoais precisam ser pautadas pela solidariedade e pela igualdade e não pelo sentimento de superioridade. Não devemos impor o nosso ponto-de-vista a qualquer custo, mas tentar refletir e entender o ponto-de-vista do outro. E se permitir, até mesmo, repensar as nossas posições a partir do compartilhar. É assim, através da troca, que nos construímos como sujeito e só, assim, é que poderemos conquistar avanços realmente significativos para humanidade.
Aprendendo a lidar com o inevitável
Quando os primeiros raios de sol entraram pela fresta da janela anunciando um novo dia, ela quis se esconder. Contrariada, esforçou-se para levantar e enfrentar mais uma manhã. Mentalmente, tentava se convencer que só tinha motivos para estar feliz. Apesar de ainda esperar por algumas concretizações de sonhos – que pareciam, às vezes, tão longes e incertos -, esse momento de espera a estava ensinando a olhar para os lados. Tinha decidido que iria se doar mais aos outros, ao invés de focar em seus problemas. E as razões de agradecimento não faltavam: uma cama quentinha, comida, uma família, alguém para amar, amigos.
Mesmo se lembrando de cada dádiva e das resoluções que havia feito, naquele dia, a angústia veio a importunar. Um nó na garganta a acompanhou durante as tarefas cotidianas. Chegou a se esquecer dele por alguns instantes, enquanto almoçava, mas, em seguida, o sentimento voltou.
Estava lindo lá fora. Ela até olhou pela janela, entretanto, não ousou sair. Queria ficar no seu cantinho. Sozinha, com seus pensamentos. A inquietação era constante e isso a irritava. Sentia-se triste por estar triste, pois achava que não tinha esse direito. Angustiar-se por quê? Já havia aprendido que o melhor era esperar. Já tinha iniciado, ainda que lentamente, a correr em busca dos sonhos. Sabia que estava em um momento de autoconhecimento importante, porque estragar tudo? Tentava descobrir os motivos daquela incontrolável angústia, que vinha com tanta força. Pensou, pensou e nada.
Insistia em fazer algo que a afastasse dessa incomodação. O resultado, porém, foi nulo.
Com o passar das horas, percebeu que precisava aprender a não ser tão exigente consigo mesma. Não sabia ao certo o que a estava deixando daquele jeito. No entanto, sabia que enquanto negava essa sensação ou tentava encontrar explicações racionais, só aumentava sua intensidade. Foi, então, que decidiu parar de se enganar. Permitiu assumir que, a despeito de tudo estar, aparentemente, em ordem, ela não estava.
Na solidão de seu quarto, enquanto a primavera brilhava lá fora, chorou. Caiu em prantos, sem conhecer bem o porquê. As lágrimas foram desfazendo o nó na garganta que a acompanhava desde o amanhecer. Aos poucos, esvaziou-se da angústia e da dor que a perturbavam.
Entendeu que ficar triste não era, necessariamente, esquecer-se dos motivos que tinha para sorrir e nem abrir mão de tudo o que estava aprendendo. É claro que não queria curtir a tristeza, mas se deu conta que, em determinados momentos, ela seria inevitável. Talvez fizesse parte de seu aprendizado perceber que não deveria brigar com seus sentimentos, somente aceita-los e tentar compreendê-los melhor. Talvez até, diferente do que havia pensado no início do dia, tivesse o direito de se sentir assim de vez em quando. Afinal, era um ser humano, em toda a sua complexidade.
Logo após, organizou os seus pensamentos e renovou as suas forças. Tomou um banho, trocou de roupa e se enfeitou. Certa de que aquele choro a havia dado ainda mais coragem e vontade de viver, saiu para aproveitar os últimos raios de sol com um grande sorriso nos lábios.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
A lagarta que tinha medo de virar borboleta
Essa semana me foi dada uma tarefa: escrever uma metáfora! O resultado me lembra um pouco historinhas infantis...Tá, chega de explicações! Dá uma espiadinha no texto:
Uma lagarta sempre será uma lagarta. Pelo menos, era assim que Alice dizia que seria com ela, uma lagartinha que vivia no tronco de uma frondosa árvore no meio da floresta. Olhava as bonitas borboletas e, incrédula, não achava possível que aquelas lindas e coloridas criaturas um dia pudessem ter sido iguais a ela. Mesmo que seus pais insistissem que era um processo natural, pelo qual todos passavam, tinha dificuldade de crer que daria certo.
Alice, na verdade, nutria enorme vontade de se transformar em uma maravilhosa borboleta, mas tinha medo da frustração. Por esse motivo, preferia se defender e não acreditar em sua metamorfose. Era sonhadora, mas não se jogava de cabeça em busca do seu desejo. Temia se tornar uma borboletinha medíocre e sem graça e, assim, fazer ruir o sonho tão doce. Ficava amedrontada com a hipótese de, na vida adulta, não conseguir ser útil para espécie, o que a faria infeliz.
Na época de começar a tecer os fios de seda para confeccionar o seu casulo, a lagartinha passou a fazer corpo mole. Sabia que, depois de pronto, o casulo serviria de proteção durante a evolução para fase adulta. Precisaria criar asas, deixar a casa de seus pais e ganhar o seu próprio sustento. Decidiu - mesmo sonhando em conquistar o mundo com as asas - que o melhor era não se arriscar rumo ao incerto. Foi, então, que perguntou à mãe se poderia ser lagarta até o fim da vida. A borboleta logo respondeu:
- Minha querida, a escolha é somente sua. Você pode deixar de fazer o casulo e ser sempre uma lagarta...
Alice a interrompeu e disse que essa era a alternativa mais consciente. Como lagarta, já sabia viver. Seria mais fácil e menos doloroso. Afinal, até gostava de ficar rastejando pelas árvores, de juntar as folhinhas que caíam pelo caminho, de brincar com as outras lagartinhas.
A mãe, com seriedade e sabedoria, prosseguiu:
- Mas lembre-se: Deus não a fez para ser somente uma lagarta. Ele também quer que você voe. Ele quer mais de você. Concordo que será mais fácil continuar como está, porém não terá desafios! Nunca desfrutará do prazer e da responsabilidade de ser uma borboleta. Não experimentará o aprendizado e não viverá o propósito para o qual foi criada.
Pensativa, a filha indagou:
- Como poderei ter segurança que, após sair do casulo, eu me transformarei em uma borboleta deslumbrante? Como saberei se a evolução dará certo, se minhas asas funcionarão, se encontrei um modo de servir a minha espécie?
- Você nunca terá essa segurança. Nós não podemos prever o futuro. Só podemos trabalhar, no presente, para tentar fazê-lo dar certo. Qual é o seu mais profundo sonho: ficar lagarta ou aprender a voar?
-Sinceramente, é ser uma linda borboleta como você, mamãe. Mas acho que não tenho coragem suficiente para assumir os riscos do processo.
- Viver é se arriscar. Com medo de destruir o seu sonho e virar uma borboleta infeliz, você viverá infeliz como lagarta. Só depende de você. Trabalhe com todas as suas forças na direção do seu sonho e ele terá muito mais chance de ser real.
Após essa conversa, Alice ficou perturbada. No dia seguinte, lembrando do que a mãe havia dito sobre andar em direção aos sonhos, foi pesquisar qual a maneira mais indicada para uma lagarta se preparar para metamorfose. Na escola, observou as amigas que já haviam começado a tecer o casulo. Pediu às professoras que a ensinassem lições sobre essa tarefa. Além disso, procurou, na biblioteca dos pais, livros sobre a vida das lagartas. Descobriu que se alimentar bem era um requisito importante.
Estudou bastante antes de agir. Inicialmente, não tinha muita esperança naquilo. Entretanto, à medida que ia se preparando, o sonho já não parecia tão inacessível. O medo começou a diminuir e a fé se renovou. Aos poucos, iniciou a tarefa. Comia muitas folhas para ficar forte e passava horas a fio trabalhando com esmero na confecção do casulo. Quando, angustiada, pensava em desistir, voltava a lembrar das palavras da mãe.
Dois meses depois a sua casinha ficou pronta. Era hora de entrar lá e mudar de forma. Aproveitou bem o seu último dia como lagarta: foi à aula, deu adeus aos amigos e pediu a Deus que cuidasse da sua evolução. Enfim, com grande coragem - que renasceu através da ação - entrou no casulo.
Uma semana mais tarde, rompeu o esconderijo. A alegria a invadiu por inteiro ao perceber que estava voando. Foi rápido se olhar no espelho e quase caiu para trás ao contemplar sua beleza. Como estava linda e forte! Agora, era madura e teria responsabilidades de um adulto. Ainda não sabia muito bem o que a esperava, quais obstáculos teria pela frente, mas aprendeu que tudo dependia de como iria encará-los.
Havia realizado seu grande sonho e estava convencida de que precisava encontrar outros desafios. E, assim, Alice se despediu de seus pais, deixou a frondosa árvore da infância e foi à procura de novos planos e metas. A mais bela borboleta daquela floresta saiu feliz a voar pelo céu, querendo descobrir do que mais era capaz.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Em busca dos sonhos!
Hoje eu escrevi muito sobre o meu dia, o armário novo que ganhei e todas as lembranças que me vieram à tona quando reli cartas, textos, cartões guardados com amor há tanto tempo. Em meio a papéis, achei um textinho que escrevi. Ele é antigo, não tem data e, provavelmente, se fosse escrevê-lo hoje, teria saído bem diferente. Pode até ser que ele discuta sobre algo óbvio, um lugar comum, tão repetido por todos. Mas são essas aparentes obviedades, às vezes, as mais difíceis de serem vividas, colocadas em prática. O bom de ter encontrado esse papelzinho antigo é lembrar que já passei por situações que foram complicadas pra mim em uma determinada época e que pude refletir e aprender com elas. Ao fazer essa leitura hoje, de um textinho não muito bem escrito, fiquei orgulhosa e com vontade de correr atrás dessa Dani persistente. Reaprendi lições e não as quero só no papel, quero colocá-las em prática com todas as minhas forças! E o medo do fracasso, quero que ele fuja pra bem longe de mim! \o/
Sonhos, planos, todos buscam conquista-los. O esforço e a dedicação são estritamente necessários para que as metas possam ser alcançadas e os obstáculos possam ser vencidos. Cada barreira, cada dificuldade nos estimula, faz-nos lutar por nossos ideais. Os problemas surgidos, as circunstâncias adversas não podem servir como desestimuladores. Devem servir, sim, como aprendizado.
Ao conseguirmos, mesmo nas situações ruins, aprender algo válido para nosso dia-a-dia estaremos tornando a vida melhor e dela extrairemos lições essenciais para nosso amadurecimento e para nossa felicidade. É imprescindível firmeza e coragem para seguirmos adiante rumo a nossos objetivos. Mas se, ao contrário disso, deixarmos o desânimo e o medo nos abalar, estaremos, indubitavelmente, sendo incapazes de demonstrar segurança e sabedoria.
Desistir quando algo não vai bem é atestar nossa falta de perseverança. Precisamos lutar até o fim e se, por algum motivo, não conseguirmos atingir nosso ideal nas primeiras tentativas, necessitamos ter força para erguer a cabeça e, com esperança, persistir em busca de nossos mais profundos desejos.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Muito Prazer!
Escrevi esse texto para me apresentar e concorrer a uma vaga de emprego no Student Travel Bureau. Gostei do resultado e resolvi postar aqui também! Boa leitura...
Olhos e boca grandes; mãos e pés inquietos. Jornalista por paixão e por formação. Catarinense de nascimento, gaúcha de coração. Na maior parte do tempo, nem diz que nasceu em Blumenau, pois a cidade que escolheu como sua é Rio Grande. Ama o mar e foi criada perto dele. Não tem paciência para tomar sol na areia da praia, mas é capaz de ficar quase duas horas dentro da água. Tomou muito banho de chuva na infância e sabe que um dia ainda vai fazer isso outra vez.
Olhos e boca grandes; mãos e pés inquietos. Jornalista por paixão e por formação. Catarinense de nascimento, gaúcha de coração. Na maior parte do tempo, nem diz que nasceu em Blumenau, pois a cidade que escolheu como sua é Rio Grande. Ama o mar e foi criada perto dele. Não tem paciência para tomar sol na areia da praia, mas é capaz de ficar quase duas horas dentro da água. Tomou muito banho de chuva na infância e sabe que um dia ainda vai fazer isso outra vez.
Quando criança se divertiu muito. Apertava campainha e saia correndo. No supermercado, enquanto o pai fazia compras, fingia-se de dona-de-casa e enchia um carrinho com os produtos para a sua família imaginária. Na igreja, fazia concurso com os amigos para ver quem conseguia gritar mais na hora de cantar, o que lhe custava algumas repreensões da mãe. Pedia pizza ou chamava o desentupidor de pia para o vizinho e, depois, ficava espiando pela janela. Dava bastante trote. Fazia locução de rádio de faz de conta. Inventou até um programinha que era feito pelo interfone de casa. Sempre gostou de teatro e já quis ser atriz. Acabou optando pelo jornalismo, no entanto, as caras e bocas que faz quando explica algo ainda demonstram essa veia. Na pré-adolescência, usava o Mirc para conhecer pessoas. Às vezes, mentia a idade e o peso. Em outras, marcava encontros que nunca ia. Atualmente, não tem nenhum ídolo. Entretanto, já teve pastas para guardar fotos de Leonardo Dicaprio, Hanson e Backstreet boys. Eles ganharam até um fã clube, fundado com a prima, que durou uns dois dias.
Prefere gato a cachorro. Tem medo de rato, cobra, aranha e barata. Acha lagartixa um bichinho simpático e morre de nojo de perereca. Nunca teve medo do escuro e nem de altura. O que a amedronta mesmo é a zona de conforto.
Piadas boas são sempre bem-vindas, desde que não ultrapassem o limite do bom senso. Com o tempo, aprendeu a dar risada de si mesmo. Não sorri, dá gargalhada, mesmo tendo ouvido da sua avó, durante anos, que isso é uma tremenda falta de educação.
Têm dois irmãos. Brincou de barbie e de boneca. Também, de bolinha de gude e de carrinho. Rompeu os ligamentos e torceu o pé três vezes jogando futsal. Muitos amigos são homens. Talvez pela convivência, pensa que são menos descomplicados. Só teve cólica uma vez e não têm mudanças bruscas de humor quando está menstruada. Apesar disso, é bem feminina.
Adora passar perfume, estar com as unhas feitas - mesmo que isso não seja tão frequente. Usa salto alto e possui um estojo gigante de maquiagem. Chora de saudade. Têm muito mais brincos do que tarraxas. Se pudesse, só andaria de vestidos e saias. Ama usar faixa no cabelo. Sempre acha que poderia estar mais magra e já fez mil resoluções pra começar a caminhar todos os dias.
Vai ao shopping, mas não tem saco pra ficar vendo loja durante muito tempo. Gosta mais de passear ao ar livre, em contato com a natureza. Na infância, chorava pra ir aos brinquedos mais perigosos do parque de diversões, mas nunca conseguiu subir em árvore. Sonha em fazer voo livre e pular de bungee jump - mesmo sem saber se teria coragem. Também têm desejos comuns e não menos importantes, como casar, ter uma casinha para enfeitar e alguns filhinhos para dar banho.
Têm várias manias. O bis, o bombom e as bolachinhas recheadas são comidos por camadas. O picolé nunca é mordido. A carne tem que ser picada antes. E depois de escovar os dentes, adora pegar um pouco de pasta e colocar na boca.
Gosta de carne, mas não dispensa um bom restaurante vegetariano. Costuma experimentar comidas diferentes. Ainda não aprendeu a tomar café da manhã. É mais viciada em café do que em chocolate, mas se tiver os dois juntos, fica completo. Adora cozinhar para os amigos e descobriu que fazer comida junto ao namorado pode ser romântico. Acha gelatina sem graça, mas namora um japonês que ama gelatina. E da cultura japonesa, dispensa os doces - parecem não conter açúcar - mas admira a determinação e a honestidade.
Considera francês o idioma mais bonito do planeta, porém ainda não aprendeu a falar. É tradutora de LIBRAS, estuda espanhol e sabe inglês. Amante de bons livros e de cinema. Tem o instinto consumista aflorado em livrarias e em sebos. Sonha em viajar ao redor do mundo, mas, até agora, viu o exterior apenas pela internet. Quer conhecer outras culturas, vivenciar experiências novas. No entanto, adora sair andando sem rumo pela própria cidade, descobrindo e redescobrindo lugares.
Acredita em Deus e deseja mudar o mundo, nem que seja o mundinho a sua volta, com pequenas atitudes diárias de amor. Odeia desigualdade social. Interessa-se por política e precisa aprender mais sobre economia. Assina as revistas Carta Capital, Piauí e Brasil. Não gosta da Veja. Assite A Liga e Profissão repórter.
Escrever é a melhor forma que encontrou para organizar os seus pensamentos e sentimentos. É simplesmente fissurada pela escrita. História também é uma paixão. Aliás, gosta de estudar, de aprender, de se reinventar e deseja estar em constante aprendizado. Dificilmente fica irritada e não guarda mágoas. Tem facilidade de se adaptar e de se relacionar. As mudanças para melhor sempre são desejadas, mesmo que provoquem certo frio na barriga. E, nesse momento, está atrás de uma oportunidade que, com certeza, pode fazer sua vida dar uma chacoalhada.
sábado, 17 de setembro de 2011
Dia especial...
Aquele sol lindo apareceu na janela do meu quarto e me fez um convite para sair de casa. Eu, prontamente, respondi. Troquei de roupa e fui à Redenção. Aproveitei para olhar em volta e perceber o quão genial é cada detalhe da natureza que Deus criou. Observei as crianças brincarem, os casais namorarem e fiquei encantada com a criatividade divina. Li um bom livro, caminhei, escutei música e até dei risada sozinha.
Nada demais, né? Mas aí é que está o segredo! Meu dia, tão simples, foi especial apenas por eu ter tido um tempo só meu, que me fez lembrar e apreciar a felicidade e a beleza de tudo que parece tão comum.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Família: o bem mais precioso que Deus me deu!
Hoje eu fiz minha inscrição para o programa de treinamento da Folha de São Paulo e tive que escrever alguns textos contando experiências marcantes que passei no decorrer de minha vida. Lembrei-me de uma que compartilhei com poucas pessoas até hoje, escrevi e resolvi postar aqui no blog.
Era ainda criança quando enfrentei uma das experiências mais assustadoras da minha vida. Tinha uns nove anos e estava com meus dois irmãos e meus pais passando as férias na Praia Grande, no município de Penha, em Santa Catarina. Em um dos dias, fomos à praia e meu pai resolveu sair para nadar em um mar agitado e cheio de ondas. Ele era acostumado a nadar muito, até o fundo. Porém, naquele dia, tinha feito exercício e estava cansado.Quando tentava voltar para terra firme, percebemos que se debatia.
Meu pai havia se afogado e nós, na beira da praia, não sabíamos o que fazer. Naquele momento, senti-me totalmente impotente ao vê-lo pedir por socorro. Os membros de minha família, desesperados, choravam e gritavam por ajuda, entretanto, a praia estava vazia. Por um milagre, meu pai conseguiu reagir e sair do mar, ofegante e com a boca completamente roxa. Aqueles instantes nunca saíram da minha memória.
O dia em que quase perdi meu herói e meu amigo, ensinou-me a agradecer a benção de ter uma família tão unida. Pude compreender ainda mais o valor dos meus irmãos e dos meus pais, as pessoas que mais amo e que mais admiro no mundo. A família que tenho é a mais especial que poderia ter. Foram eles que me ensinaram o significado das palavras amor, confiança, respeito e segurança. E a possibilidade de perdê-los faz com que eu queira, a cada dia, demonstrar meu amor e minha alegria por tê-los comigo e compartilhar os momentos da minha vida com eles.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Saudade...
Difícil estar longe de quem se ama. A saudade do toque, do convívio diário, do beijo, do carinho, isso tudo dói. Mas, mesmo dolorido, o coração sorri ao experimentar um sentimento que continua vivo e forte, apesar da distância.
Quando se ama alguém e se decidi todo dia, ao acordar, cultivar esse sentimento, mesmo distantes, a proximidade existe. Isso porque os amantes fazem de tudo para se tornarem presentes um na vida do outro, através do cuidado, da amizade e do compartilhar. As demonstrações de carinho tranqüilizam o coração e dão a certeza de que a espera é válida.
O reencontro – mesmo que demore mais do que o planejado - tem sempre o sabor da primeira vez. Hora em que o amor pode ser transmitido pelos sorrisos, pelas trocas de olhares e pelo entrelaçar das mãos. Cada gesto e cada detalhe juntos são especiais e confirmam que até a dor da saudade vale a pena quando o mais importante existe.
domingo, 11 de setembro de 2011
Hoje fui reler algumas matérias e me lembrei da entrevista que fiz com o documentarista João Moreira Salles, em junho de 2009, para o Jornal Já. Sei que é velhinha, mas como se trata mais do documentário Notícias de um guerra particular do que de um acontecimento datado, resolvi publicar aqui...
Moreira Salles abre Jornada contra Violência
O cinema do Sindicato dos Bancários lotou na noite desta segunda-feira, dia 15. O motivo foi a abertura da Mostra “Imagens da Violência”, com a exibição do documentário Notícias de uma guerra particular, seguido pelo debate com o diretor João Moreira Salles. Ele passou duas horas respondendo as perguntas da platéia, que parecia mais interessada na sua experiência em relatar a realidade dos morros cariocas que no filme.
O evento faz parte da Jornada contra Violência e por Justiça Social – iniciativa de várias entidades que se propõe a refletir sobre a relação entre violência e exclusão social.A jornada vai até o dia 28 e envolve a realização de debates e palestras, além da exibição de filmes brasileiros que tratam do tema.
Notícias de uma guerra particular é um documentário de 56 minutos, dirigido por Moreira Salles e Kátia Lund e exibido pela primeira vez em 1999 como programa de televisão. O trabalho é considerado pioneiro, pois é o primeiro a mostrar tão de perto a guerra da polícia contra o tráfico, vindo após filmes como Cidade de Deus e Tropa de Elite.
“O Notícias nasceu na ilha de edição, não tem roteiro. A motivação para fazer veio da perplexidade minha e da Kátia frente à violência do Rio de Janeiro”, afirma Salles. Na época, a cidade vivia uma situação muito peculiar – um general cuidava da política de segurança do estado e os índices de violência só cresciam. “O documentário foi um testemunho do que acontecia no Rio de Janeiro em 1997/98. A única coisa que sabíamos é que queríamos falar com quem está envolvido diretamente na guerra, ou seja, o traficante, o policial e o morador da favela”, complementa.
Para o diretor, o documentário deve ter um fim em si mesmo. “Acho que o documentário feito para mudar o mundo é um mau documentário. Documentaristas que não sabem e entendem que não sabem tendem a fazer os melhores filmes. Do contrário, você pode fazer um bom panfleto político”, avalia.
Salles declara ainda que o cinema não pode ser feito para defender um ponto de vista ou consertar a realidade. “Documentário não é engenharia social. Eu tendo a dizer que ele tem obrigação para dentro e isso não é uma postura alienante. Muito mais radical o cubismo do Picasso, com a criatividade em representar as dimensões, do que o realismo socialista. E é isso que o documentário faz: vê uma realidade e tenta mostrá-la de maneiras diferentes”.
Durante a conversa com o público, Salles foi constantemente questionado acerca da violência carioca e o modo como a mídia trata do assunto. O cineasta se mostrou desconfortável com o assunto, sempre lembrando que não era um especialista em segurança pública ou um antropólogo, mas somente um documentarista e, como tal, conhece o tema superficialmente.
Sobre as dificuldades encontradas durante a execução do projeto, João ressalta que o mais complicado foi conseguir os depoimentos da polícia, em especial a militar. “Eu queria formulação de pensamentos novos, mas o que eles diziam já era um discurso ideológico pronto, que já havia sido dito em vários outros canais”.
O depoimento do capitão do Bope, Rodrigo Pimentel, foi o mais importante e, talvez, o único que tenha trazido algo novo para o trabalho. “Eu tinha passado o dia inteiro filmando no Bope, tinha pegado o depoimento morto de um coronel, estava guardando os equipamentos, quando uma voz me perguntou se eu já estava indo embora. Eu respondi que sim e ele acrescentou: que bom pra você, porque eu ainda tenho duas favelas pra invadir. Foi a primeira vez que alguém quebrava aquela hierarquia e aquela dureza, mostrando um cansaço. E isso foi suficiente para eu querer entrevistá-lo.”
Ele entrevistou Pimentel cinco minutos depois de conhecê-lo, sem nenhuma preparação. “Isso é o que o Notícias tem de mais poderoso, isso foi o que definiu a identidade. Talvez pela primeira vez Pimentel estava falando aquelas coisas, estava se dando conta do que era o Bope. No início da entrevista ele é alguém que se identifica totalmente com o batalhão, durante a conversa parece que o vidro vai se quebrando.”
Sobre os filmes brasileiros violentos, o documentarista fala que assim como a inflação definia o país
na década de 1980, a violência é o sintoma mais evidente de tudo o que está errado no Brasil. Ele ressalta que houve um certo descontrole em se tratar desse tema. “Sinto falta de um cinema menos explosivo. Tem muita tortura, muito grito, precisava ter mais reticências. As diferenças nunca são negociadas são sempre solucionadas com o tiro. Não se constrói um país com as personagens do cinema brasileiro”.
Jornal Já – Quanto tempo demorou para fazer o documentário?
Moreira Salles - Notícias foi muito rápido. No momento em que a gente pensou em fazer o filme até o primeiro dia de filmagem passaram – se três, quatro semanas. As filmagens também foram em quatro semanas, e aí houve um período que a gente parou e retornou uns seis meses depois, para fazer três ou quatro seqüências. Foi um dos filmes mais rápidos que eu já fiz.
Já – Como foi conhecer uma realidade tão diferente da tua? O que mudou na tua percepção de mundo?
Moreira Salles - Sempre muda, né. Qualquer experiência forte na sua vida muda – você não sabe exatamente como muda ou o que mudou. Eu sou antes do filme aquele que não conhecia o traficante, a violência, a favela. Depois do filme, eu sou aquele que sabia o que era o traficante, como ele pensava, porque ele fazia o que fazia, porque a favela era tão violenta. Agora, no que isso me muda, eu não sei te dizer, mas você adquire mais experiências e sempre que você adquire mais experiências você fica um pouco mais…complexo. Sei lá se a palavra é essa.
Moreira Salles - Sempre muda, né. Qualquer experiência forte na sua vida muda – você não sabe exatamente como muda ou o que mudou. Eu sou antes do filme aquele que não conhecia o traficante, a violência, a favela. Depois do filme, eu sou aquele que sabia o que era o traficante, como ele pensava, porque ele fazia o que fazia, porque a favela era tão violenta. Agora, no que isso me muda, eu não sei te dizer, mas você adquire mais experiências e sempre que você adquire mais experiências você fica um pouco mais…complexo. Sei lá se a palavra é essa.
Já - Teve alguma cena, algum momento das filmagens que tenha te chocado mais?
Moreira Salles – Não, chocado na verdade não. O que me impressionou muito quando eu fiz o filme foi o descaso com a morte, principalmente dos meninos mais jovens do tráfico. O descaso com sua própria morte. Eles sabiam que iam morrer e era do jogo. É claro que quando você tem 15, 16 anos você pode até achar que você vai morrer e você não sabe direito o que isso significa, porque é uma idéia um pouco abstrata, mas ainda assim, eles falavam da morte com uma tal naturalidade: “eu sei que eu não vou viver mais do que cinco ou seis anos”.
Já – Tu achas que a violência constante retratada no cinema brasileiro pode banalizar e naturalizar o problema?
Moreira Salles – É difícil, eu não sei fazer essas grandes generalizações. A única coisa que eu acho é que o cinema brasileiro deveria ser mais plural do que ele tem sido. Se a gente só fizesse cinema sobre relações afetivas eu diria a mesma coisa. O problema é um tema só dominar.
sábado, 10 de setembro de 2011
Esse é o meu tempo!
O que qualquer recém-formado sonha em fazer? Trabalhar! Pelo menos, foi assim comigo. Alguns meses antes da minha formatura em jornalismo - no dia 30 de julho - já estava procurando emprego. Queria conquistar minha independência financeira, e, principalmente, encontrar espaço para exercer um jornalismo mais humano e comprometido com o interesse público, diferente do que normalmente vejo por aí. Muitos sonhos e planos, mas, também, outras tantas incertezas.
Esse início pode ter dado a impressão de que eu iria contar como conquistei o que almejava. No entanto, nem sempre a vida acontece do jeito que a gente quer. Um mês e meio se passou e ainda busco por meu primeiro trabalho. E, confesso, têm dias que não é nada fácil essa vida de entregar currículos, pesquisar vagas, estabelecer contatos profissionais. Agir é mais difícil do que eu imaginava, ainda mais quando a angústia e a insegurança insistem em me fazer companhia.
Paradoxalmente, esses sentimentos que me fazem, em muitos momentos, querer ficar na zona de conforto para evitar o fracasso, estão sendo responsáveis por uma fase de importante aprendizado. Isso porque quando percebi que o medo me fazia duvidar do meu potencial e, consequentemente, do poder de Deus, decidi que precisava mudar. E agora, encontro-me nesse processo.
Mexer com as crenças limitantes que se formaram ao longo da minha vida, lutar contra os pensamentos que querem me fazer acreditar que sou incapaz, tudo isso tem sido um desafio e tanto. Uma caminhada dolorosa, porém, encantadora. Hoje, tenho a certeza de que precisava e ainda preciso desse tempo. É o meu tempo. A hora de me ouvir, de aprender a esperar, de aprender a lidar com meus temores, de exercitar a minha fé.
Cada passo, tenho dado na dependência de Deus, pedindo a Ele auxílio e sabedoria. Além disso, a alegria é grande ao ver que existem pessoas ao meu lado, vibrando com minhas pequenas descobertas e vitórias. Já resgatei sonhos. Redescobri potencialidades adormecidas. Tive a oportunidade de relembrar meus valores e perceber que minha felicidade está muito além de um emprego.
Mesmo que eu ainda fraqueje e, às vezes, sinta desânimo por não ter sido do meu modo, eu sei que quando tudo passar serei melhor. Com certeza, estarei mais preparada para exercer a profissão que amo da maneira mais honesta, ética e responsável que eu puder. No tempo certo, com confiança e tranquilidade.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Relembrando uma verdadeira amizade
No dia dez de junho deste ano - meu aniversário - recebi diversas mensagens e demonstrações de carinho das pessoas que amo, mas uma em particular me deixou emocionada. Minha melhor amiga dos tempos de pré-adolescência me fez chorar e relembrar o que, realmente, é amizade.
Morávamos em Rio Grande. Éramos inseparáveis, dormíamos uma na casa da outra, estudávamos e chorávamos por nossas paixões platônicas. Duas meninas que se sentiam irmãs, que faziam planos para o futuro: morar na casa do estudante em Santa Maria e cursar artes cênicas. Confiança, respeito, alegria de estar perto, de compartilhar. Nossas famílias, nosso modo de vida e nossa classe social eram distintos, mas nada disso era empecilho para amizade verdadeira e forte que cultivávamos.
Os anos passaram, os planos de criança foram ficando para trás e novos sonhos surgiram. No segundo grau, começamos a não andar juntas. Eu dei continuidade aos estudos, decidi ser jornalista e fiz vestibular em Porto Alegre. Ela terminou a escola, casou e foi morar em São José do Norte. A nossa tão sonhada faculdade de teatro ficou no passado.
Mudamos muito: a aparência, os gostos, os amores, o endereço. Não somos atrizes. Não vivemos grudadas. Não choramos mais juntas e nem dormimos uma na casa da outra para conversar até altas horas da madrugada. Não somos mais adolescentes. Hoje ela é formada em serviço social, casada e mãe de duas filhas que ainda não conheço.Apesar de tantas transformações, não mudamos aquilo que sentimos. E no meu aniversário - dia dez de junho -, através de uma mensagem virtual, pude ter a certeza disso. Entre tantas palavras e lembranças lindas, ela disse o quanto desejava que as filhas dela fossem parecidas comigo. Isso foi, pra mim, a maior expressão de admiração que podia ter ganhado e a prova de que há amigos que são para vida toda, independente da distância.
Essa é só uma das histórias de amizade que guardo carinhosamente comigo e que decidi repartir. Há diversas pessoas, vários “melhores amigos” que passaram ou ainda permanecem em minha vida. Gente que faz parte da minha essência, que contribuiu ou contribui para construção do meu eu. Com cada amigo sincero, aprendo uma lição especial. Cada um é único e indispensável. E agradeço a Deus, diariamente, pela benção de tê-los comigo e de poder compartilhar a minha vida com eles!
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Que venham as mudanças!
Lembro, como se fosse hoje, de quando decidi fazer jornalismo. A ideia trazia a necessidade de mudança. E mudar significava ficar distante das pessoas que mais amava, da cidade que cresci. Mudar para Porto Alegre era me distanciar de tudo o que representava segurança, amor e cuidado. Com dezoito anos, isso me causava medo, muito medo. Lembro-me de chorar no colo do meu pai dizendo que não queria sair de casa. Mas, mesmo diante desses sentimentos confusos, decidi enfrentar minhas inseguranças e seguir em frente. Foi aí que comecei a me preparar para o vestibular de jornalismo da UFRGS.
Dois anos de estudo árduo e dedicação. Abdiquei de passeios, tempo com amigos e com a família. Na primeira tentativa, fiquei muito nervosa e fracassei. Chorei muito. Só mais tarde pude perceber que Deus tinha o tempo certo. Ele sabia que eu precisava daquele ano para amadurecer e estar pronta para o que viria pela frente. Aos 20 anos, sai de Rio Grande em busca do meu sonho profissional. Lugar e expectativas novas, uma companheira de apartamento que eu não conhecia, novos professores, uma nova etapa.
Sem o barulho da família, sentia-me sozinha, morria de saudade das conversas com meus irmãos, de assistir filmes com meu pai, de passear com minha mãe. No início, senti muita falta de tudo. Dos amigos, da igreja que frequentava, dos pequenos detalhes. Não havia mais a comida prontinha na hora certa, a roupa lavada e a faxina feita. Agora, eu precisava desempenhar as tarefas domésticas. Precisava me preocupar em fazer compras, eu que nem tinha muita noção de quanto se gastava pra viver. Aos poucos, tornei-me mais independente.
A faculdade me deu a possibilidade de ter contato com leituras e visões de mundo diferentes. Transformei o meu olhar. Aprendi a ser mais crítica. O contato com pessoas que tinham ideias opostas às minhas me ensinou a ser mais aberta, mais tolerante. Com o tempo, fui descobrindo que amava o jornalismo e entendi que estava no lugar certo. Pude compreender a responsabilidade da minha profissão. Passei a acreditar que o jornalismo, se feito de maneira ética, pode vir a ser um canal de transformação e mobilização sociais, além de um estimulador do senso crítico e da reflexão.
Fiz amigos, daqueles que levarei para sempre. Conheci e passei a amar a cidade que escolhi para morar. A saudade não diminui, mas me acostumei a viver com ela. E mais: pude perceber que aquilo que realmente importa, mesmo longe, eu nunca perderia. As amizades verdadeiras e o amor de minha família seguiram comigo. Passei a dar mais valor e importância ao fato de ter tido uma vida saudável e feliz, ao lado de pais que me incentivaram e me amaram incondicionalmente. Percebi que meus irmãos eram os meus melhores amigos e que sempre estariam por perto. Estreitei meu relacionamento com Deus, que me deu conforto e paz nos momentos difíceis. Conheci meu namorado, o melhor amigo que, aos poucos e de uma forma tão natural, tornou- se meu amor.Quase cinco anos depois, quando penso em tudo que vivi e aprendi, tenho certeza que foi Deus quem preparou esse caminho que trilhei. Sou diferente e, graça a Ele, melhor.
Dois anos de estudo árduo e dedicação. Abdiquei de passeios, tempo com amigos e com a família. Na primeira tentativa, fiquei muito nervosa e fracassei. Chorei muito. Só mais tarde pude perceber que Deus tinha o tempo certo. Ele sabia que eu precisava daquele ano para amadurecer e estar pronta para o que viria pela frente. Aos 20 anos, sai de Rio Grande em busca do meu sonho profissional. Lugar e expectativas novas, uma companheira de apartamento que eu não conhecia, novos professores, uma nova etapa.
Sem o barulho da família, sentia-me sozinha, morria de saudade das conversas com meus irmãos, de assistir filmes com meu pai, de passear com minha mãe. No início, senti muita falta de tudo. Dos amigos, da igreja que frequentava, dos pequenos detalhes. Não havia mais a comida prontinha na hora certa, a roupa lavada e a faxina feita. Agora, eu precisava desempenhar as tarefas domésticas. Precisava me preocupar em fazer compras, eu que nem tinha muita noção de quanto se gastava pra viver. Aos poucos, tornei-me mais independente.
A faculdade me deu a possibilidade de ter contato com leituras e visões de mundo diferentes. Transformei o meu olhar. Aprendi a ser mais crítica. O contato com pessoas que tinham ideias opostas às minhas me ensinou a ser mais aberta, mais tolerante. Com o tempo, fui descobrindo que amava o jornalismo e entendi que estava no lugar certo. Pude compreender a responsabilidade da minha profissão. Passei a acreditar que o jornalismo, se feito de maneira ética, pode vir a ser um canal de transformação e mobilização sociais, além de um estimulador do senso crítico e da reflexão.
Fiz amigos, daqueles que levarei para sempre. Conheci e passei a amar a cidade que escolhi para morar. A saudade não diminui, mas me acostumei a viver com ela. E mais: pude perceber que aquilo que realmente importa, mesmo longe, eu nunca perderia. As amizades verdadeiras e o amor de minha família seguiram comigo. Passei a dar mais valor e importância ao fato de ter tido uma vida saudável e feliz, ao lado de pais que me incentivaram e me amaram incondicionalmente. Percebi que meus irmãos eram os meus melhores amigos e que sempre estariam por perto. Estreitei meu relacionamento com Deus, que me deu conforto e paz nos momentos difíceis. Conheci meu namorado, o melhor amigo que, aos poucos e de uma forma tão natural, tornou- se meu amor.Quase cinco anos depois, quando penso em tudo que vivi e aprendi, tenho certeza que foi Deus quem preparou esse caminho que trilhei. Sou diferente e, graça a Ele, melhor.
Mas hoje, a quase dois meses de fechar essa etapa tão linda da minha vida, sinto novamente o medo da mudança. Após a formatura, serão rumos diferentes a seguir. Mais uma vez, importantes decisões a tomar. Será que conseguirei realizar meus sonhos profissionais? Ou serei uma eterna frustrada, com minhas utopias de fazer um jornalismo diferente, mais humano e responsável? E o primeiro emprego? Vou continuar em Porto Alegre?
Em meio a tantas dúvidas, só há uma certeza: vou lutar para que esse friozinho na barriga frente ao novo nunca me paralise. Quero viver os planos que Deus tem pra mim. Quero me esforçar para desempenhar um papel relevante na sociedade da qual faço parte e me satisfazer com a profissão que amo. Não quero ficar na zona de conforto. Os medos fazem parte, mas quero encará-los com coragem. Sei que ainda preciso de muitas mudanças para chegar onde desejo. Então...que elas venham! E que eu tenha perseverança e ousadia para vencer os obstáculos e humildade para reconhecer quando errar. E, principalmente, que durante o percurso, eu nunca abra mão dos meus princípios e da minha fé.
Em meio a tantas dúvidas, só há uma certeza: vou lutar para que esse friozinho na barriga frente ao novo nunca me paralise. Quero viver os planos que Deus tem pra mim. Quero me esforçar para desempenhar um papel relevante na sociedade da qual faço parte e me satisfazer com a profissão que amo. Não quero ficar na zona de conforto. Os medos fazem parte, mas quero encará-los com coragem. Sei que ainda preciso de muitas mudanças para chegar onde desejo. Então...que elas venham! E que eu tenha perseverança e ousadia para vencer os obstáculos e humildade para reconhecer quando errar. E, principalmente, que durante o percurso, eu nunca abra mão dos meus princípios e da minha fé.
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