Fotos e vídeos de Muamar Kadafi ensanguentado circulam pela internet e são veiculados pelas redes de televisão mundo afora. Pessoas compartilham as imagens nas redes sociais e, com grande entusiasmo, comemoram a morte do ditador líbio, enquanto notícias afirmam que ele foi ferido e arrastado nas ruas pelas forças revolucionárias. Sob os gritos de “Deus é grande”, religiosos demonstram satisfação.
Ao me deparar com as primeiras notícias, instantaneamente, lembrei-me da morte de Osama. Festejos mundiais, jornalistas quase eufóricos na televisão e a mídia norte-americana vibrante. Entretanto, pouco se comentou sobre o fato de os Estados Unidos terem invadido – sem autorização - o território paquistanês para matarem Osama. E mais: onde ficam os direitos humanos? Osama deveria ter sido preso e julgado, não assassinado. Ou matar é válido nesses casos? As leis podem ser ignoradas quando convém, somente por vingança?
Não eram as pessoas que choravam pelos mortos do onze de setembro que defendiam a punição de Osama? Não são favoráveis aos direitos humanos os que lutavam pela queda de uma ditadura que subjugou o povo líbio por 42 anos? E por que a justiça e esses direitos não valem sempre? Paradoxalmente, os mesmos que defendem a não violência, são os que a comemoram. Empregam os mesmos métodos cruéis dos que abominam. Lutam contra a crueldade, ao mesmo tempo em que aplaudem o assassinato do ditador. Desse modo, sem exageros, os dois lados se igualam, pois utilizam a mesma arma.
Matar um terrorrista ou um ditador não seria análago a cortar a mão de quem roubou? Sei que muitos podem considerar absurda a comparação, mas as duas atitudes, no fundo, têm raíz no mesmo pensamento: aqui se faz, aqui se paga. É a famosa Lei de Talião voltando com toda a força: “olho por olho, dente por dente”. Vingança pura e simples, que não resolve absolutamente nada.
Não importa que sejam “os bons” matando “os maus”, uma execução não pode ser tolerada ou festejada em hipótese alguma. Não se pode abrir exceções para essa prática, por mais que nosso senso de justiça nos leve a ter, em alguns momentos, esse desejo. Nunca vou conseguir ficar feliz ao ver seres-humanos serem torturados e mortos.
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