quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O que é poesia?!

Perguntaram-me o que era poesia. A indagação inesperada me fez ficar sem resposta por alguns instantes. Inicialmente, tentei explicar de maneira técnica, falei em rima e em métrica. No entanto, sei que nem todo o poema se propõe a ter essas duas características. Disse que era um texto curto. Uma inverdade, já que inúmeros são imensos. Um exemplo são os de natureza épica. Resposta insatisfatória. E a pergunta ficou a me martelar...

 Afinal, o que é poesia?


É o entrelaçar de mão dos enamorados, o desenhar das nuvens no céu, a dança das árvores ao vento. É o beijo interrompido, o riso da criança, a dor transformada em lágrima. É, também, o sonho, a  ilusão. As reticências, o que não foi vivido, os devaneios, a imaginação. Um apelo, a alegria de uma conquista.

A poesia é muito mais do que texto em verso: é expressão do que vai na alma. É um suspiro, exteriorização do interior. É um estado de espírito. É palavra viva.  São poucos aqueles que têm a capacidade de fazê-la com destreza para, não só trazer à tona emoções, mas as tornar profundamente penetrantes.

E esse pequeno devaneio sobre o que é poesia me lembrou de uma que fiz há oito anos. Apenas uma tentativa, que hoje considero bem mais frustrada do que quando escrevi. Decidi postar - a despeito da qualidade - pois ela traduz, em singelas palavras, o desejo adolescente que tinha ( tal pretensão foi abandonada)  de ter a sensível alma dos grandes poetas.



EU QUERIA SER POETA...

Eu queria ser poeta...
Para conseguir descrever lindamente
A beleza de um ocaso
E, com poucas frases,
Falar da imensidão azul do céu
E da magnitude das estrelas.

Eu queria ser poeta... 
Para transformas as melancolias da vida,
Os obstáculos não ultrapassados,
Nas mais tocantes e emocionantes poesias.

Eu queria ser poeta...
Para deixar a todos extasiados
Com um combinar de palavras
Em um soneto.

Eu queria ser poeta...
Para enxergar poesia
Nas mais singelas e corriqueiras
Situações do cotidiano.

Eu queria ser poeta...
Para conhecer a arte de manipular as palavras
Saber fazer o encaixe perfeito e, assim,
Expressar os mais maravilhosos sentimentos
Em apenas algumas linhas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um grande desafio!

Tudo começou em um dia que sai de casa em busca de uma história. Máquina fotográfica, gravador, bloco de anotações e caneta. Fui às ruas, com olhar atento, procurando personagens. Andei, andei e andei. Estava no final da Duque de Caixas, desistindo da empreitada, quando passei pela Garagem dos Livros.

O local fica em frente ao Gasômetro e ganhou visibilidade em setembro , pois abriga a obra da artista Élida Tessler pela 8º Bienal do MERCOSUL.  Foi matéria na Zero Hora, nada de novo. Mas algo fez com que eu entrasse. Talvez o fato curioso de uma sapataria funcionar dentro do lugar ou, simplesmente, por ser um sebo e eu nutrir certo fetiche por livros.

Fiquei encantada com o acervo. Se não bastasse a garagem, o corredor da casa tinha estantes cheinhas das mais variadas obras. Enquanto eu  as olhava, João – o dono do sebo - aproximou-se e logo foi se apresentando. Ali, percebi que a minha saída em busca de uma história não tinha sido em vão.

Depois das primeiras palavras trocadas, tive a certeza que queria saber mais quem era João Machado, de 71 anos. Saber sobre a sua relação com os livros, sobre a sua vida e o que estava por trás daquele lugar. Não me interessava a bienal, assunto batido das matérias veiculadas sobre o sebo. Eu sabia que - obviamente -, a partir dos critérios de noticiabilidade aprendidos na sala de aula, o evento era o gancho jornalístico para se fazer a matéria. Pouco me importei, até porque eu não estava lá com nenhum compromisso de fazer uma reportagem. Eu só queria conhecer aquele senhor que despertou a minha curiosidade.

Apresentei-me como jornalista.  Sem nada programado, sentamos e ficamos conversando por quase quatro horas. Entre um gole de café e outro, João discorria sobre sua vida. A cada fala, uma surpresa diferente e agradável. Eu aprendia sobre literatura e me deliciava ao perceber a sabedoria daquele homem ao relembrar as dificuldades de sua trajetória.  Tanta informação, tanta curiosidade, tanto detalhe especial. Despedi-me com a promessa de voltar para terminar nossa conversa, sabendo que havia conhecido alguém com muito para compartilhar.

Hoje, após quase duas semanas, voltei à Garagem dos Livros. Mais detalhes me encantaram. Conheci o João poeta e declamador. Lá se foram quase quatro horas novamente. Deslumbrei-me com a capacidade que tem de se comunicar.  A poesia dele é preciosa. Além disso, as palavras - quando não está declamando – também exalam beleza.

Agora, tenho um difícil desafio em mãos.  Após dois encontros – com intervalo de quase duas semanas entre eles – possuo, aproximadamente, oito horas de entrevista para transformar em texto.  Tenho a missão da edição.  É claro, que isso foi resultado da minha escolha.  Eu poderia ter limitado a conversa com entrevistado, poderia ter realizado perguntas objetivas que gerassem respostas sucintas. No entanto, preferi não determinar tempo para ir embora. Confesso que talvez tivesse sido melhor para meu trabalho ter programado perguntas e ter  dado uma linearidade maior. Entretanto, estou certa de que um pouco da graça e da riqueza  de nosso gostoso papo teria se perdido. 


Uma dúvida é se, realmente, essa história irá interessar a alguém. Sem muitas pretensões, decidi, a despeito disso, escrevê-la, pois ela me fez lembrar o motivo de ter escolhido ser jornalista.  Começo sabendo que a edição será ingrata, pois cada fala teve um significado especial.  Creio, porém, que a maior dificuldade será me despir de toda a linguagem jornalística supostamente objetiva e tentar traduzir, através de palavras,  a poesia que permeou as falas e os gestos desse personagem encantador.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Direitos humanos para quem?!



Fotos e vídeos de Muamar Kadafi ensanguentado circulam pela internet e são veiculados pelas redes de televisão mundo afora. Pessoas compartilham as imagens nas redes sociais e, com grande entusiasmo, comemoram a morte do ditador líbio, enquanto notícias afirmam que ele foi ferido e arrastado nas ruas pelas forças revolucionárias. Sob os gritos de “Deus é grande”, religiosos demonstram satisfação.
Ao me deparar com as primeiras notícias, instantaneamente, lembrei-me da morte de Osama. Festejos mundiais, jornalistas quase eufóricos na televisão e a mídia norte-americana vibrante. Entretanto, pouco se comentou sobre o fato de os Estados Unidos terem invadido – sem autorização - o território paquistanês para matarem Osama. E mais: onde ficam os direitos humanos? Osama deveria ter sido preso e julgado, não assassinado. Ou matar é válido nesses casos? As leis podem ser ignoradas quando convém, somente por vingança?
Não eram as pessoas que choravam pelos mortos do onze de setembro que defendiam a punição de Osama? Não são favoráveis aos direitos humanos os que lutavam pela queda de uma ditadura que subjugou o povo líbio por 42 anos? E por que a justiça e esses direitos não valem sempre? Paradoxalmente, os mesmos que defendem a não violência, são os que a comemoram. Empregam os mesmos métodos cruéis dos que abominam. Lutam contra a crueldade, ao mesmo tempo em que aplaudem o assassinato do ditador. Desse modo, sem exageros, os dois lados se igualam, pois utilizam a mesma arma.
Matar um terrorrista ou um ditador não seria análago a cortar a mão de quem roubou? Sei que muitos podem considerar absurda a comparação, mas as duas atitudes, no fundo, têm raíz no mesmo pensamento: aqui se faz, aqui se paga. É a famosa Lei de Talião voltando com toda a força: “olho por olho, dente por dente”. Vingança pura e simples, que não resolve absolutamente nada.
Não importa que sejam “os bons” matando “os maus”, uma execução não pode ser tolerada ou festejada em hipótese alguma. Não se pode abrir exceções para essa prática, por mais que nosso senso de justiça nos leve a ter, em alguns momentos, esse desejo. Nunca vou conseguir ficar feliz ao ver seres-humanos serem torturados e mortos.

Nessas horas, o que mais me entristece é saber que a barbárie está por todos os lados. É usada pelo os que dizem querer combatê-la e não há contradição maior. Nada justifica a violência. Nada justifica a vingança. Se os direitos humanos existem e eu concordo com eles, luto para que se estendam a todos. Qualquer um tem o direito de se defender e de ser julgado, a despeito das brutalidades que tenha cometido.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tolerância com o outro

Hoje, ao voltar da minha aula de espanhol,  fiquei observando, atenta, as pessoas que por mim passavam.  Altas, baixas, magras, negras, loiras. Passei, então,  a refletir sobre como somos diferentes, muito além das aparências físicas. Cada pessoa possui uma história, está inserida em determinado contexto social e político. Cada um têm opiniões e crenças formadas a partir do que recebeu ao longo da trajetória de vida.  E dessa diversidade tão incrível, surge um dos maiores desafios da humanidade: o respeito e a tolerância ao diferente.
 A todo tempo, as inovações tecnológicas e científicas mostram o quanto somos capazes de ultrapassar limites. O processo de globalização nos conectou com diversas partes do mundo, com as mais destoantes culturas e línguas. A comunicação com qualquer parte do globo é quase instantânea. No entanto, ainda não aprendemos a olhar o outro.
Guerras e conflitos causados pela intolerância persistem. O imigrante, que busca uma vida melhor nos Estados Unidos ou nos países europeus, é culpado pelo desemprego e pela crise, alvo da xenofobia.  O homossexual é espancado na rua. O nordestino – por ter hábitos diferentes do paulista ou do gaúcho – é tido como preguiçoso e burro. As generalizações toscas e apressadas dizem que todo pastor é ladrão, todo padre é pedófilo e todo mulçumano é terrorista.
Os norte-americanos, que se intitulam a salvação para os problemas mundiais, invadem países para melhorá-los e levar a “verdadeira democracia”.  O bairrismo dos rio-grandenses, tosco e irrefletido, insiste em aflorar, mas é baseado em uma história pra lá de feia, onde fazendeiros lutavam pelo direito de vender o seu charque e colocavam negros libertos para lutar na frente de batalha e para serem massacrados. O homem branco acha que os índios devem ser civilizados e pensa saber o que é melhor pra eles, querendo destruir com hidrelétricas o ambiente onde vivem há milhares de anos em harmonia com a natureza sem, ao menos, consultá-los.

O outro é sempre um estranho e não um igual. É mais fácil agredi-lo, recriminá-lo, ao invés de tentar compreendê-lo. O que não faz parte da nossa realidade, refutamos, consideramos inferior.  Difícil olhar para o que nos aproxima, mais confortável julgar. Pensamos que podemos decidir o que é melhor para os outros. Até podemos crer em algo que temos a convicção  de que é melhor para o mundo, mas querer impor essa crença é asneira.

Lutar e argumentar pela defesa daquilo que acreditamos é válido.  O problema é quando esquecemos que o outro não tem obrigação de ter o mesmo pensamento e, a despeito disso, devemos respeitá-lo e amá-lo.  Não precisamos concordar, devemos é aprender a lidar com as diferenças.

As relações interpessoais precisam ser pautadas pela solidariedade e pela igualdade e não pelo sentimento de superioridade.  Não devemos impor o nosso ponto-de-vista a qualquer custo, mas tentar refletir e entender o ponto-de-vista do outro. E se permitir, até mesmo, repensar as nossas posições a partir do compartilhar. É assim, através da troca, que nos construímos como sujeito e só, assim, é que poderemos conquistar avanços realmente significativos para humanidade.

Aprendendo a lidar com o inevitável

Quando os primeiros raios de sol entraram pela fresta da janela anunciando um novo dia, ela quis se esconder. Contrariada, esforçou-se para levantar e enfrentar mais uma manhã. Mentalmente, tentava se convencer que só tinha motivos para estar feliz. Apesar de ainda esperar por algumas concretizações de sonhos – que pareciam, às vezes, tão longes e incertos -, esse momento de espera a estava ensinando a olhar para os lados. Tinha decidido que iria se doar mais aos outros, ao invés de focar em seus problemas. E as razões de agradecimento não faltavam: uma cama quentinha, comida, uma família, alguém para amar, amigos.

Mesmo se lembrando de cada dádiva e das resoluções que havia feito, naquele dia, a angústia veio a importunar. Um nó na garganta a acompanhou durante as tarefas cotidianas. Chegou a se esquecer dele por alguns instantes, enquanto almoçava, mas, em seguida, o sentimento voltou.

Estava lindo lá fora. Ela até olhou pela janela, entretanto, não ousou sair.  Queria ficar no seu cantinho. Sozinha, com seus pensamentos.  A inquietação era constante e isso a irritava. Sentia-se triste por estar triste, pois achava que não tinha esse direito. Angustiar-se por quê? Já havia aprendido que o melhor era esperar. Já tinha iniciado, ainda que lentamente, a correr em busca dos sonhos. Sabia que estava em um momento de autoconhecimento importante, porque estragar tudo? Tentava descobrir os motivos daquela incontrolável angústia, que vinha com tanta força. Pensou, pensou e nada.


Insistia em fazer algo que a afastasse dessa incomodação. O resultado, porém, foi nulo.
Com o passar das horas, percebeu que  precisava aprender a não ser tão exigente consigo mesma. Não sabia ao certo o que a estava deixando daquele jeito. No entanto, sabia que enquanto negava essa sensação ou tentava encontrar explicações racionais, só aumentava sua intensidade.  Foi, então, que decidiu parar de se enganar. Permitiu assumir que, a despeito de tudo estar, aparentemente, em ordem, ela não estava.

Na solidão de seu quarto, enquanto a primavera brilhava lá fora, chorou. Caiu em prantos, sem conhecer bem o porquê. As lágrimas foram desfazendo o nó na garganta que a acompanhava desde o amanhecer.  Aos poucos, esvaziou-se da angústia e da dor que a perturbavam.

Entendeu que ficar triste não era, necessariamente, esquecer-se dos motivos que tinha para sorrir e nem abrir mão de tudo o que estava aprendendo. É claro que não queria curtir a tristeza, mas se deu conta que, em determinados momentos,  ela seria inevitável. Talvez fizesse parte de seu aprendizado perceber que não deveria brigar com seus sentimentos, somente aceita-los e tentar compreendê-los melhor. Talvez até, diferente do que havia pensado no início do dia, tivesse o direito de se sentir assim de vez em quando. Afinal, era um ser humano, em toda a sua complexidade.

Logo após, organizou os seus pensamentos e renovou as suas forças. Tomou um banho, trocou de roupa e se enfeitou. Certa de que aquele choro a havia dado ainda mais coragem e vontade de viver, saiu para aproveitar os últimos raios de sol com um grande sorriso nos lábios.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A lagarta que tinha medo de virar borboleta

Essa semana me foi dada uma tarefa: escrever uma metáfora! O resultado me lembra um pouco historinhas infantis...Tá, chega de explicações! Dá uma espiadinha no texto:


Uma lagarta sempre será uma lagarta. Pelo menos, era assim que Alice dizia que seria com ela, uma lagartinha que vivia no tronco de uma frondosa árvore no meio da floresta. Olhava as bonitas borboletas e, incrédula, não achava possível que aquelas lindas e coloridas criaturas um dia pudessem ter sido iguais a ela. Mesmo que seus pais insistissem que era um processo natural, pelo qual todos passavam, tinha dificuldade de crer que daria certo.

Alice, na verdade, nutria enorme vontade de se transformar em uma maravilhosa borboleta, mas tinha medo da frustração. Por esse motivo, preferia se defender e não acreditar em sua metamorfose. Era sonhadora, mas não se jogava de cabeça em busca do seu desejo. Temia se tornar uma borboletinha medíocre e sem graça e, assim, fazer ruir o sonho tão doce. Ficava amedrontada com a hipótese de, na vida adulta, não conseguir ser útil para espécie, o que a faria infeliz.

Na época de começar a tecer os fios de seda para confeccionar o seu casulo, a lagartinha passou a fazer corpo mole. Sabia que, depois de pronto, o casulo serviria de proteção durante a evolução para fase adulta. Precisaria criar asas, deixar a casa de seus pais e ganhar o seu próprio sustento. Decidiu - mesmo sonhando em conquistar o mundo com as asas - que o melhor era não se arriscar rumo ao incerto. Foi, então, que perguntou à mãe se poderia ser lagarta até o fim da vida. A borboleta logo respondeu:

- Minha querida, a escolha é somente sua. Você pode deixar de fazer o casulo e ser sempre uma lagarta...

Alice a interrompeu e disse que essa era a alternativa mais consciente. Como lagarta, já sabia viver. Seria mais fácil e menos doloroso. Afinal, até gostava de ficar rastejando pelas árvores, de juntar as folhinhas que caíam pelo caminho, de brincar com as outras lagartinhas.

A mãe, com seriedade e sabedoria, prosseguiu:

- Mas lembre-se: Deus não a fez para ser somente uma lagarta. Ele também quer que você voe. Ele quer mais de você. Concordo que será mais fácil continuar como está, porém não terá desafios! Nunca desfrutará do prazer e da responsabilidade de ser uma borboleta. Não experimentará o aprendizado e não viverá o propósito para o qual foi criada.

Pensativa, a filha indagou:

- Como poderei ter segurança que, após sair do casulo, eu me transformarei em uma borboleta deslumbrante? Como saberei se a evolução dará certo, se minhas asas funcionarão, se encontrei um modo de servir a minha espécie?

- Você nunca terá essa segurança. Nós não podemos prever o futuro. Só podemos trabalhar, no presente, para tentar fazê-lo dar certo. Qual é o seu mais profundo sonho: ficar lagarta ou aprender a voar?

-Sinceramente, é ser uma linda borboleta como você, mamãe. Mas acho que não tenho coragem suficiente para assumir os riscos do processo.

- Viver é se arriscar. Com medo de destruir o seu sonho e virar uma borboleta infeliz, você viverá infeliz como lagarta. Só depende de você. Trabalhe com todas as suas forças na direção do seu sonho e ele terá muito mais chance de ser real.

Após essa conversa, Alice ficou perturbada. No dia seguinte, lembrando do que a mãe havia dito sobre andar em direção aos sonhos, foi pesquisar qual a maneira mais indicada para uma lagarta se preparar para metamorfose. Na escola, observou as amigas que já haviam começado a tecer o casulo. Pediu às professoras que a ensinassem lições sobre essa tarefa. Além disso, procurou, na biblioteca dos pais, livros sobre a vida das lagartas. Descobriu que se alimentar bem era um requisito importante.

Estudou bastante antes de agir. Inicialmente, não tinha muita esperança naquilo. Entretanto, à medida que ia se preparando, o sonho já não parecia tão inacessível. O medo começou a diminuir e a fé se renovou. Aos poucos, iniciou a tarefa. Comia muitas folhas para ficar forte e passava horas a fio trabalhando com esmero na confecção do casulo. Quando, angustiada, pensava em desistir, voltava a lembrar das palavras da mãe.

Dois meses depois a sua casinha ficou pronta. Era hora de entrar lá e mudar de forma. Aproveitou bem o seu último dia como lagarta: foi à aula, deu adeus aos amigos e pediu a Deus que cuidasse da sua evolução. Enfim, com grande coragem - que renasceu através da ação - entrou no casulo.

Uma semana mais tarde, rompeu o esconderijo. A alegria a invadiu por inteiro ao perceber que estava voando. Foi rápido se olhar no espelho e quase caiu para trás ao contemplar sua beleza. Como estava linda e forte! Agora, era madura e teria responsabilidades de um adulto. Ainda não sabia muito bem o que a esperava, quais obstáculos teria pela frente, mas aprendeu que tudo dependia de como iria encará-los.

Havia realizado seu grande sonho e estava convencida de que precisava encontrar outros desafios. E, assim, Alice se despediu de seus pais, deixou a frondosa árvore da infância e foi à procura de novos planos e metas. A mais bela borboleta daquela floresta saiu feliz a voar pelo céu, querendo descobrir do que mais era capaz.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Em busca dos sonhos!

Hoje eu escrevi muito  sobre o meu dia, o armário novo que ganhei e todas as lembranças que me vieram à tona quando reli cartas, textos, cartões guardados com amor há tanto tempo. Em meio a papéis, achei um textinho que escrevi. Ele é antigo, não tem data e, provavelmente, se fosse escrevê-lo hoje, teria saído bem diferente. Pode até ser que ele discuta sobre algo óbvio, um lugar comum, tão repetido por todos. Mas são essas aparentes obviedades, às vezes, as mais difíceis de serem vividas, colocadas em prática. O bom de ter encontrado esse papelzinho antigo é lembrar que já passei por situações que foram complicadas pra mim em uma determinada época e que pude refletir e aprender com elas. Ao fazer essa leitura hoje, de um textinho não muito bem escrito, fiquei orgulhosa e com vontade de correr atrás dessa Dani persistente. Reaprendi lições e não as quero só no papel, quero colocá-las em prática com todas as minhas forças! E o medo do fracasso, quero que ele fuja pra bem longe de mim! \o/
E lá vai o texto:

Sonhos, planos, todos buscam conquista-los. O esforço e a dedicação são estritamente necessários para que as metas possam ser alcançadas e os obstáculos possam ser vencidos. Cada barreira, cada dificuldade nos estimula, faz-nos lutar por nossos ideais. Os problemas surgidos, as circunstâncias adversas não podem servir como desestimuladores. Devem servir, sim, como aprendizado.

Ao conseguirmos, mesmo nas situações ruins, aprender algo válido para nosso dia-a-dia estaremos tornando a vida melhor e dela extrairemos lições essenciais para nosso amadurecimento e para nossa felicidade. É imprescindível firmeza e coragem para seguirmos adiante rumo a nossos objetivos. Mas se, ao contrário disso, deixarmos o desânimo e o medo nos abalar, estaremos, indubitavelmente, sendo incapazes de demonstrar segurança e sabedoria.

Desistir quando algo não vai bem é atestar nossa falta de perseverança. Precisamos lutar até o fim e se, por algum motivo, não conseguirmos atingir nosso ideal nas primeiras tentativas, necessitamos ter força para erguer a cabeça e, com esperança, persistir em busca de nossos mais profundos desejos.