terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tolerância com o outro

Hoje, ao voltar da minha aula de espanhol,  fiquei observando, atenta, as pessoas que por mim passavam.  Altas, baixas, magras, negras, loiras. Passei, então,  a refletir sobre como somos diferentes, muito além das aparências físicas. Cada pessoa possui uma história, está inserida em determinado contexto social e político. Cada um têm opiniões e crenças formadas a partir do que recebeu ao longo da trajetória de vida.  E dessa diversidade tão incrível, surge um dos maiores desafios da humanidade: o respeito e a tolerância ao diferente.
 A todo tempo, as inovações tecnológicas e científicas mostram o quanto somos capazes de ultrapassar limites. O processo de globalização nos conectou com diversas partes do mundo, com as mais destoantes culturas e línguas. A comunicação com qualquer parte do globo é quase instantânea. No entanto, ainda não aprendemos a olhar o outro.
Guerras e conflitos causados pela intolerância persistem. O imigrante, que busca uma vida melhor nos Estados Unidos ou nos países europeus, é culpado pelo desemprego e pela crise, alvo da xenofobia.  O homossexual é espancado na rua. O nordestino – por ter hábitos diferentes do paulista ou do gaúcho – é tido como preguiçoso e burro. As generalizações toscas e apressadas dizem que todo pastor é ladrão, todo padre é pedófilo e todo mulçumano é terrorista.
Os norte-americanos, que se intitulam a salvação para os problemas mundiais, invadem países para melhorá-los e levar a “verdadeira democracia”.  O bairrismo dos rio-grandenses, tosco e irrefletido, insiste em aflorar, mas é baseado em uma história pra lá de feia, onde fazendeiros lutavam pelo direito de vender o seu charque e colocavam negros libertos para lutar na frente de batalha e para serem massacrados. O homem branco acha que os índios devem ser civilizados e pensa saber o que é melhor pra eles, querendo destruir com hidrelétricas o ambiente onde vivem há milhares de anos em harmonia com a natureza sem, ao menos, consultá-los.

O outro é sempre um estranho e não um igual. É mais fácil agredi-lo, recriminá-lo, ao invés de tentar compreendê-lo. O que não faz parte da nossa realidade, refutamos, consideramos inferior.  Difícil olhar para o que nos aproxima, mais confortável julgar. Pensamos que podemos decidir o que é melhor para os outros. Até podemos crer em algo que temos a convicção  de que é melhor para o mundo, mas querer impor essa crença é asneira.

Lutar e argumentar pela defesa daquilo que acreditamos é válido.  O problema é quando esquecemos que o outro não tem obrigação de ter o mesmo pensamento e, a despeito disso, devemos respeitá-lo e amá-lo.  Não precisamos concordar, devemos é aprender a lidar com as diferenças.

As relações interpessoais precisam ser pautadas pela solidariedade e pela igualdade e não pelo sentimento de superioridade.  Não devemos impor o nosso ponto-de-vista a qualquer custo, mas tentar refletir e entender o ponto-de-vista do outro. E se permitir, até mesmo, repensar as nossas posições a partir do compartilhar. É assim, através da troca, que nos construímos como sujeito e só, assim, é que poderemos conquistar avanços realmente significativos para humanidade.

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