domingo, 20 de dezembro de 2009

Para refletir...

Reuniões familiares. Casas enfeitadas. Árvores. Fartura. Amigo Secreto. Troca de presentes. Papai Noel. Comidas gostosas. Muita bebida. Roupas bonitas. Frases de fé, amor e paz. Isso é o que logo vem a mente quando se pensa em Natal, no entanto, será esse o verdadeiro sentido dessa celebração?

O dia 25 de dezembro foi escolhido para que se comemorasse o nascimento de JESUS, mas em seu aniversário, ELE raramente é lembrado. A história de seu nascimento – significado real dessa data – é diferente do Natal que se tem comemorado. Enquanto se tem fartura e riqueza, o nascimento de JESUS lembra pobreza, simplicidade e humildade. Enquanto a maioria das pessoas se reúne em suas casas e esquece que muitos estão precisando de ajuda e de afeto, o gesto de DEUS de enviar sue filho a terra expressa amor e preocupação com a humanidade.

O Natal verdadeiro, ao contrário daquele que é festejado pela maioria, tem JESUS – e não Papai Noel- como personagem principal. Esse dia deve remeter a ações e sentimentos como amor, ajuda ao próximo, redenção, amizade, simplicidade, desprendimento, doação. Infelizmente, porém, assim como há anos atrás quando muitos não hospedaram Maria e José para que JESUS pudesse nascer, ainda hoje, pessoas continuam negando lugar a JESUS. Maria e José procuravam abrigo e só conseguiram uma estrebaria como quarto. JESUS, o filho de DEUS sem pecados, que veio ao mundo para salvar a todos, nasceu no lugar em que ficavam os animais; a manjedoura – onde esses se alimentavam – foi seu primeiro berço.

E a história se repete...Até hoje as pessoas o negam. Em seu aniversário, muitos nem pronunciam o seu nome, não lhe oferecem presentes, não o procuram. Até hoje, JESUS é colocado em segundo plano, ignorado.

E mais um dia de Natal chegou... A festa, como todo ano, já está pronta...Mas mudar é possível...Nesse dia que, costumeiramente, o real espírito natalino é esquecido, desejo, sinceramente,que cada um possa relembrar, festejar e viver o verdadeiro Natal, a história e o nascer do puro amor: JESUS CRISTO!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Um escritor na pior


Quando ainda era apenas Eric, um jovem indiano membro da polícia britânica na Birmânia, larga o emprego, devido ao ódio que criou pelo imperialismo, e decide seguir a carreira literária. Para isso vai à Paris e, desempregado, hospeda-se em um hotel pra lá de duvidoso, que ao invés de cinco estrelas, tem é uma centena de percevejos. Decidido a retratar o universo dos excluídos, o aspirante a escritor passa a viver nesse lugar, e a buscar alternativas de emprego no submundo. E é assim que nasce o pouco conhecido “ Na Pior em Paris e Londres”, o livro que lançou Eric Arthur Blair sob o pseudônimo de George Orwell, um dos maiores escritores do século XX.

Muito se fala sobre a Revolução dos Bichos e sobre 1984, mas quase nada é dito sobre essa obra. Escrita no final dos anos de 1920 foi rejeitada por diversas editoras, até ser lançada em 1933. O motivo principal da rejeição era o assunto pouco bonito e o modo como Orwell descreveu a pobreza e refletiu sobre ela, utilizando uma linguagem chula para a época, valendo-se de ironias e chocando a muitos com as críticas ferrenhas destinada às classes mais bem nutridas.

A não-ficção de Orwell, que mistura narrativa documental e jornalística com as técnicas e a linguagem literárias, começa em Paris. O escritor se aloja em um hotel barato da Rue du Coq d'Or e se propõe não só observar a pobreza, mas a vivenciá-la, conhecendo os moradores da rua pobre, fétida e barulhenta da capital francesa. Aos poucos, são apresentados aos leitores vários personagens desse ambiente. Figuras excêntricas, como Charlie, um jovem de 22 anos que discursa sobre suas experiências amorosas e gasta o pouco que tem em bordéis e bistrôs, ajudam a descortinar o universo que pretende revelar.

Depois de ter gasto quase todo o dinheiro e sem os bicos de professor de inglês que costumava conseguir, o narrador se depara com a falta de recursos, de moradia e com a fome. Começa a penhorar as roupas, a pular de um hotel a outro e a procurar emprego junto a um amigo russo, antigo garçom. Passa, então, a trabalhar como lavador de pratos de hotel, em uma rotina frenética de 15 horas diárias em cozinhas sujas, exercendo atividades automáticas e subumanas. É nesse momento que ele faz uma análise sobre essa função – os escravos do mundo moderno. Traz, ainda, idéias que expressam a sua veia socialista e questiona a utilidade da profissão que exerce, algo desnecessário que existe para agradar e dar luxo aos ricos.

Após tentar a sorte em Paris, sem nenhum êxito, Orwell retorna à Inglaterra devido a uma proposta de emprego. Ao chegar lá, porém, nada sai como planejado. O trabalho esperado não sai, o dinheiro acaba e ele se vê em uma situação ainda mais perto da degradação: passa a viver como mendigo. É em Londres que o autor dorme ao relento, em albergues públicos e privados, faz amizade com moradores de rua e conhece o modo como esses conseguem ludibriar a lei do país que criminaliza a mendicância. Conhece e descreve a saga desses homens que precisam pular de alberque em alberque, por causa dos horários e das restrições de vezes que podem dormir em cada um. Retrata a procura diária por algo para comer, dependendo da caridade de igrejas e instituições, das quais possuem uma repulsa exagerada, e mostra, ainda, a desagradável dieta de uma xícara de chá e de duas fatias de pão com margarina a que estão sujeitos.

O primeiro mendigo que Orwell, realmente, conheceu bem foi Paddy, um tipo característico dos milhares que vivem na Inglaterra. Jovem de 35 anos, desempregado há dois, cheio de sentimento de autopiedade. Como muitos outros, os assuntos que conversa são a vergonha e a ruína de ser mendigo e a melhor maneira de conseguir uma refeição. Ele incorpora as peculiaridades dos excluídos, vivendo sem futuro e planos, subnutrido e já sem nada que o fizesse pensar além de o que comer e onde dormir, limitado em suas perspectivas pela vida desumana que leva.

Uma das figuras mais interessantes do livro é Bozo. Diferente dos outros retratados pelo narrador, esse homem – um grafiteiro de calçada – reflete sobre sua condição, sobre a política e sobre o mundo que está a sua volta e têm, até mesmo, noções básicas de astronomia. Lê jornais e faz charges críticas sobre acontecimentos atuais, considerando-se acima dos mendigos. A autocomiseração, para ele, não existe, pois havia construído uma filosofia própria que dizia não se importar de viver na rua, desde que não estagnasse, pensando somente em o que comer e em catar baganas caídas do chão. Para ele, era possível pensar, refletir, filosofar e ser feliz, mesmo sem dinheiro. Apesar de exercer sua atividade como pretexto para esmolar, via-se como um artista.

Essas são algumas das histórias que constroem a narrativa de Orwell. Na pior em Paris e em Londres é permeado de reflexões lúcidas e, ao mesmo tempo, chocantes: “Quando você se aproxima da pobreza, faz uma descoberta que supera algumas outras. Você descobre o tédio, e as complicações mesquinhas e os primórdios da fome, mas descobre também o grande aspecto redentor da pobreza: o fato de que ela aniquila o futuro”. O autor descarta o distanciamento e o ar de superioridade, imerge na realidade que quer contar. Sem preconceitos, que aliás ele afirma ter perdido depois de conhecer o modo de vida dos pobres e mendigos, ele vai tentando se desfazer das idéias do senso-comum. Não aceita a visão dominante das classes médias e altas sobre essas pessoas e questiona o porque da existência dos excluídos, ao invés de tratá-los apenas como vagabundos e malandros.

Nas 245 páginas que o compõe, o livro tem a brilhante capacidade de familiarizar o leitor com o ambiente que retrata, de fazê-lo, nem que somente nos momentos de leitura, pensar no outro. E esse outro ele apresenta, mesmo sob condições degradantes, como um igual a qualquer um, separado apenas pela hierarquia social. Alguém com solidariedade imensa, capaz de dividir o único pedaço de pão que terá para comer durante o dia com aquele que não tem nada.

Talvez o mais triste de se constatar ao ler essa obra é que, após mais de oitenta anos, ela continua atual. Até hoje, a sociedade se mostra incapaz de absorver os excluídos do sistema capitalista. O que George Orwell afirmava a respeito da indiferença e da ignorância dos cultos e intelectuais em relação aos indigentes – os que ,teoricamente, deveriam ser os mais conscientes a respeito dessa situação- ainda persiste. Ao desconhecerem e estarem distante da realidade dessas pessoas, as classes mais altas se consideram superiores e, também, oprimem e rejeitam a plebe, com medo de que a liberdade dela possa ameaçar o seu bem-estar.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um amor de amigo...


Você conhece uma pessoa. Apenas um amigo, daqueles que não passa pela sua cabeça nenhum tipo de segundas intenções. Aí, você começa a conversar e descobre o quanto vocês têm em comum e, a cada dia que passa, aquela pessoa vai se tornando mais bonita.

Uma amizade sincera começa a se criar. Você se abre, conta os seus problemas, fala sobre a sua dor de cotovelo...e descobre que ele têm duas raras virtudes, encontradas somente em algumas espécimes do universo masculino: paciência e sensibilidade.

Os passeios passam a se tornar freqüentes, até porque vocês adoram livros, cafés e filmes. E ele passa a ser o seu companheiro pra ver filmes mais "cults". Mas também é ele quem vê com você o filme mais idiota que podiam ter pago em uma quinta-feira à noite no cinema.

A sintonia de vocês só aumenta e já nem se lembra mais daquela horrorosa dor de cotovelo. E aí é que a situação começa a ficar perigosa: você já nem se lembra mais de seus pretendentes, mas incrivelmente, nunca se esquece dele. É ele a primeira pessoa que você pensa na hora de contar seus problemas, de rir de uma piada ou de uma situação engraçada. É ele quem está na sua lista na hora de sair para qualquer lugar.

Aí você começa a perceber o quanto demorou pra ver que as mãos dele são lindas e o sorriso; encantador. A cor dos olhos e o modo como se fecham ao sorrir e até mesmo a expressão que faz quando está de mau humor ou entendiado passam a parecer tão bonitas e especiais. E sem se dar conta, ele passa a ser lindo!

Então, naturalmente, você se apaixona...e amá-lo passa a ser o sentimento mais natural do mundo! E essa intensidade de emoções começa a fazer um nó em sua cabeça, porque no fundo sabe que aquilo é um disparate! No entanto, você acorda pensando nele e, na hora de dormir, é o sorriso dele que está na sua memória. Você até tenta se livrar dessa confusão, até mesmo fica balançando a cabeça, na tentativa de tentar arrancá-lo de sua mente. Mas não adianta...foi acometida pela paixão...já é tarde.

E acontece o que tanto temia: por mais que se pareçam, parece que Deus não fez vocês um para o outro ou, pelo menos, não para o agora...e começa a viver essa espera. Uma espera que você mesmo criou, não sendo motivada por nenhuma fala dele, nenhum sinal que desse a entender que algo mudaria com o tempo...Você apenas prefere acreditar que um amor tão bonito não pode terminar assim...

E o tempo vai passando... e você vai amando loucamente, mas tenta não deixar esse amor interferir naquilo de tão bonito que já foi criado... Você se esforça para tentar viver essa amizade que faz tão bem, que traz tanta felicidade! Vive, assim, amando aquele homem de sorriso e de mãos bonitas, que tem aquele olhar doce de tirar o fôlego... aquele que está tão bem acomodado em todos os seus pensamentos...e vai passando os dias na esperança de que, em algum momento, esse amor possa de fato se concretizar...ou que essa dor possa se dissipar...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


Todos os dias, quando Laura passava pela estante da biblioteca da casa, sonhava, no auge dos seus cinco anos, em poder ter acesso àqueles livros e entrar naquele mundo que parecia tão adulto e distante, ainda tão obscuro e enigmático. A menina via o móvel gigante que ficava na sala, e tentava imaginar o que estaria escrito em tantas páginas!


À noite, a hora de dormir era a mais encantadora do dia! Ela ia para a cama e esperava, ansiosamente, para ouvir as histórias lidas pelos pais, tiradas de alguns daqueles livros tão misteriosos. Eram dragões, monstros, fadas, bruxas, reis e rainhas, príncipes e princesas que a transportavam a um mundo de fantasia, distante do real. Uma a uma, as palavras ditas pelos pais provocavam nos pensamentos de Laurinha a construção de um novo cenário, de uma doce imaginação. A cada história, uma descoberta, uma impressionante aventura e, assim, amava ainda mais os livros e nutria um desejo de poder entender todas aquelas letras embaralhadas que, quando fitadas por ela, não possuíam nenhum sentido, mas que, para os pais, eram carregadas de um significado sensacional.

Foi assim que Laurinha se apaixonou pelas letras. Mesmo sem saber ler, ela pegava algum dos livros que ficavam ao alcance de suas mãos e os folhava. Eram horas que passava ali, impregnada pela beleza de um universo que nem ao menos entendia. Curiosa, passou a insistir para que seus pais a ensinassem a decifrar aquele mundo impenetrável, mas eles explicaram que ela precisava completar a idade de ir para a escola.

A partir desse momento, era tudo o que a menina mais queria: ir à escola! Quando o seu primeiro dia de aula chegou, aos sete anos, Laurinha não fez nenhum dos sinais tão característicos desse momento: não chorou, não gritou para voltar pra casa. Pelo contrário, nunca a tinham visto tão radiante quanto nessa hora e ela, também, nunca se sentira tão independente! Iria ficar um turno inteiro sem os pais e o melhor de tudo: iria aprender a decodificar os sinais que apareciam nas páginas dos livros de história que tanto gostava.

Estudava com afinco. Tentava juntar as letrinhas que a professora mandava. Fazia todas as tarefas propostas em sala de aula e, quando menos esperavam, Laurinha começou a ler. Quando conseguiu esse feito pela primeira vez teve a sensação que havia conquistado a liberdade! Placas, nomes de ruas, panfletos, tudo era “devorado” pelos olhos fascinados dela. Os livros infantis, antes só conhecidos através da narração dos pais, agora eram compreendidos. E assim, Laura passava os dias, sentada ao chão em frente a imponente estante da sala, sentindo-se livre para desvendar aqueles segredos sozinha.

Laura também adorou aprender a escrever, pois assim, tinha a sensação de que poderia fazer como os escritores. Descobriu que podia inventar histórias, como as muitas que já havia escutado. Além disso, encontrou nesse hábito a melhor maneira de expressar os sonhos de criança, as descobertas afetivas e os segredos de suas paixões adolescentes. Ela sentia a necessidade de, no papel, expôr os seus sentimentos mais profundos e, aos poucos, passou a sonhar em ser escritora.

Com 17 anos, decidiu cursar letras. Precisava estudar e ler ainda mais, para chegar a realizar o sonho de escrever algum livro que pudesse se juntar àqueles que o pai tinha na estante - o móvel que agora ela já alcançava perfeitamente e que guardava as suas obras preferidas, como as de Flaubert, Balzac, Machado de Assis e Carlos Drummond. Os pais, apreensivos e temerosos de que a filha pudesse se frustar, advertiram -na , dizendo que a trajetória a ser trilhada para ser escritora era penosa . Entretanto, firme em seus propósitos, ela não recuou.

O sonho da menininha tornou-se o mais profundo ideal da mulher. Laura não contava, porém, com os percalços do caminho. Talvez, em meio a tantas lindas histórias de ficção, tivesse voado alto demais. O primeiro livro que escreveu era belíssimo, pena que as editoras, preocupadas com os lucros, procuravam menos pelo inusitado e mais pelo medíocre, o padrão de consumo. Depois de muito tentar vender a obra, desistiu. Como já tinha se formado e estava com o casamento marcado, precisava trabalhar. Então, foi tentar dar aulas de literatura e português. Nas horas vagas, pensava, iria continuar a escrever.

No entanto, para conseguir um salário razoável, Laura passava os dias inteiros dando aula.Ela gostava do que fazia, pois nos momentos que passava com os alunos, conseguia transmitir a eles um pouco do prazer e da importância da escrita. Mas quando chegava em casa, ainda tinha que fazer os planejamentos das próximas atividades. Somente depois disso, é que, enfim, conseguia sentar para tentar escrever, porém, quase não suportava o cansaço.

Depois do casamento, foi ainda mais difícil sobrar tempo. Como o marido trabalhava muito e os dois não tinham condições de pagar uma empregada doméstica, tinham que se virar como podiam para administrar o lar. Com a chegada da filha Lidiane, Laurinha era só felicidade. Amava a família e sentia cada vez mais necessidade de se dedicar à ela. E, assim, os sonhos de menina foram sendo abandonados.

Às vezes, se pegava pensando na velha estante do pai. Fazia um retrospecto e percebia que ser uma famosa escritora estava cada vez mais longe daquilo que vivia. Lembrava do seu livro, que havia se dedicado tanto para produzir, e que nunca fora publicado. Pegava seus escritos de criança e de adolescente e lembra-se do que sempre quis ser. Laurinha só agora se dava conta que o mundo real pode ser bem mais difícil do que a fantasia.

Todavia, com o passar dos anos, ela entendeu que a escrita sempre faria parte da sua vida e que a fama era um mero supérfluo, algo totalmente descartável. Ao olhar os alunos que havia ensinado a ler e a admirar a arte de escrever, o marido e a filha a quem tanto amava e todas as memórias que registrava em seu diário, percebeu que era muito mais que uma escritora ficcional e se tornou plenamente feliz.

Já não fazia a menor diferença o fato de não ter sido autora de um best-seller que tenha marcado época, pois ela havia escrito algo muito mais belo, mais duradouro e mais prazeroso que as ficções: tinha feito a história de sua vida! E melhor: estava contribuindo para melhorar a de seus alunos e, também, esperava para “ler” as aventuras da pequena Lili, a sua mais doce criação.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Às vezes percebo que não sou muito disciplinada para ter um blog...faz muito tempo que não escrevo...por isso decidi arriscar uma nova postagem...

Insônia

Na solidão de um quarto escuro,
madrugada a dentro,
revolvo-me em meu colchão.

O silêncio da noite é quebrado apenas
pelas minhas mãos que, inquietas,
mexem-se nervosamente.

O sono se esvai
entre confusos pensamentos
e tudo o que tento é entender o porquê.

O porquê de, mais uma vez, estar sofrendo
por amar apenas.

O porquê de tamanha dor,
que sufoca e agride.

O porquê de tanto te querer...
mesmo sabendo que talvez esse sempre seja o meu mais distante sonho.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Desabafo


Hoje, ao sair de casa por volta das nove e meia da manhã, presenciei uma cena que me deixou chocada. Quando passava na Avenida Ipiranga com a Santana, avistei homens da prefeitura em seus macacões azuis retirando os pertences de moradores de rua do canal do arroio Dilúvio e colocando em uma caminhonete, sob a escolta atenta de vários guardas municipais, devidamente fardados e armados. Eram pedaços de papelão, sacos plásticos, sofás velhos, panos que deviam servir de cobertor para a proteção do frio e espumas, que talvez fossem a cama daquelas pessoas que não tem lugar para dormir.

Impotente, a única moradora de rua que vi naquela hora – de aproximadamente 30 anos - perguntava se aqueles homens iriam levá-la dali também e para onde ela iria. Nervosa, ela falava, mas os funcionários continuavam, mecanicamente, a desempenhar sua função e nem eles e nem os guardas pareciam ver o protesto daquela mulher suja e invisível. Mas a mim, eles enxergaram e, quando estava chegando perto do local , abriram espaço para que eu pudesse passar pela calçada.

Foram só alguns segundos que contemplei esse episódio. Além de mim, outros transeuntes paravam para ver o desenrolar da história. Naquele momento, comecei a chorar ao ver a preocupação e o desespero daquela moradora de rua. Aquilo que, para prefeitura, era o lixo que enfeia e suja a cidade, para ela, eram os únicos pertences que possuía. Me indignei ao constatar, mais uma vez, como os problemas sociais são tratados em nossa sociedade capitalista. A prefeitura, ao invés de tentar encontrar meios para minimizar o sofrimento e solucionar a situação degradante em que se encontram os moradores de rua, prefere esconder o lixo que eles juntam – marcas visíveis da presença de uma chaga social.

Na verdade, a prefeitura só está de acordo com um pensamento dominante, só está fazendo o que esperam que ela faça. A maioria das pessoas não tem nenhum interesse em mudar o status quo. Nessas horas, sempre me lembro do sociólogo Zygmunt Bauman que falava que para existir o belo tem que existir o refugo e que, no capitalismo, a exclusão e a marginalidade de alguns é necessária para que os sistema se sustente.

É melhor esconder, é mais confortável fazer de conta que o problema não existe. É preferível tirar aquilo que está estragando a paisagem para longe dos olhos, para que nós, os bem nascidos e bem nutridos, não tenhamos que nos incomodar vendo a cidade suja. Ou para que não sejamos abordados, no caminho para o trabalho ou na sinaleira, por pedintes mal cheirosos e inconvenientes. Infelizmente, é essa a sociedade pós-moderna, onde a hipocrisia é dominante e onde a beleza visual do espaço urbano vale mais que uma vida. Não mais que a vida dos seus membros produtivos, mas mais que a vida dos pobres coitados que estão dormindo nas praças, nas calçadas e até mesmo, no arroio dilúvio.

E o que mais me entristece, é que por mais que eu proteste, por mais que eu denuncie, eu também colaboro para esse estado de coisas. Eu, por mais que me revolte, não tenho como viver fora desse sistema hegemônico, corrupto e injusto, que ao invés de valorizar o homem , só o desumaniza.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fases

Hoje, ao olhar para o céu e encontrar a lua, lembrei de nós.
Mas não foi a lua nova que avistei,
não foi essa lua do início, a que prediz o brilho e o deslumbre que está por vir.

Tão pouco foi a lua crescente, aquela que vai aumentando a sua parte iluminada e vai tornando-se , a cada dia, mais intensa.

Nem mesmo a Lua Cheia, o ápice da beleza. Não foi isso que vi, não foi o astro em toda sua opulência e na sua fase de maior encanto.

Foi a lua minguante que me fez pensar em nós.
A lua que depois de ter sido tão linda e vibrante, agora já passa despercebida.
Aquela, outrora tão majestosa, hoje parece sumir e ser apenas um risco na imensidão de um céu nublado, onde nenhuma estrela brilha em volta.

domingo, 19 de julho de 2009

Sorriso

Eu passava pela rua
como em qualquer outro dia
a minha volta, tudo igual
o mesmo caminho, a mesma rotina
mas, de repente, algo me paralisou.

Tudo seria monótono naquele dia nublado de chuva
em que caminhava apressada,
senão fosse aquele rosto.

O que me chamou atenção não foi a beleza dos olhos,
o andar, o corpo
o que me deixou extasiada,
o que me perturbou
foi aquele sorriso.
Um sorriso de quem se entrega,
de quem ama,
de quem vive

Nunca mais me esqueci daqueles lábios,
daquela boca que levemente sorria um sorriso despretensioso, vibrante
Nunca mais o caminho foi feito da mesma maneira
Até hoje, busco o sorriso que mudou o dia que seria igual a todos os outros
fico procurando pelo sorriso que vi por poucos segundos
que se perdeu na multidão
fico olhando diversos rostos, a procura daquele sorriso
que nem me viu, mas que ficou gravado em mim

Separação

Tenho vontade de me esconder
fugir para um lugar distante
onde só eu possa estar
sozinha
calada
chorando por tua ausência.

Não quero ver ninguém,
nem mesmo meu rosto em nenhum espelho
não quero escutar a minha voz
quero apenas chorar, silenciosamente

Chorar,
me esvaziar
e tentar ,com as lágrimas que rolam,
desfazer essa dor que não consigo descrever,
essa dor que me invade e me imobiliza:
a dor de te perder pra sempre...

Saudade

Ao entardecer, na praia, lembrei de nós...
Recordei o teu sorriso, o teu olhar, o teu toque,
tudo isso que hoje não tenho mais
tudo isso que se perdeu
que se tornou tão belo e inacessível
quanto os raios alaranjados do sol
incindindo sobre o mar

sábado, 18 de julho de 2009

Projeto da Pepsi para Redenção


Propagandas da Pepsi com o slogan “eu amo Porto Alegre”. Estandes da empresa com consulta popular para saber quais as melhorias que os porto-alegrenses querem para a Redenção. Distribuição de panfletos anunciando que a pesquisa também acontece no site. Quem passa, principalmente nos finais de semana, pelo Parque Farroupilha - um dos cartões postais da cidade- certamente já avistou esse cenário.

A iniciativa é resultado de um termo de adoção firmado entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ( SMAM), a Pepsi - Cola e a Sinergy Novas Mídias. O acordo foi feito em 2008 e prevê a revitalização da Orla do Guaíba e da Redenção até a metade de 2010, em troca da veiculação de publicidade nesses locais. O investimento financeiro é estimado em 1 milhão e 400 mil reais por ano – que, deduzido os impostos, vai para 1 millhão e 100 mil.Até abril de 2009 , esse valor anual foi aplicado na restauração do chafariz da redenção, que totalizou um gasto de 250 mil reais, e na Orla. Conforme Eduardo Ferreira, dono da Sinergy Novas Mídias – co-adoante da Redenção e responsável pela gestão da verba doada pela Pepsi – 60% dos 1 milhão e 100 restantes, 660 mil reais, serão aplicados no parque e os outros 40% , 440 mil reais, na manutenção das obras realizadas na orla o ano passado.

Segundo o supervisor de praças e parques da SMAM, Luiz Alberto Carvalho Júnior, a consulta popular feita pela Pepsi já está em fase de conclusão. Nela, a população vai decidir se quer projetos de lazer, de cultura ou de esportes para o parque. A primeira opção prevê a construção de um bicicletário, de um chimarródromo e a restauração dos recantos. Já a segunda ; a restauração de monumentos e a instalação de bibliotecas ambulantes e de áreas de leitura. A última; o aprimoramento do complexo esportivo e uma nova pista de caminhada. Entretanto, para se ter acesso a explicação e a especificação das melhorias que estão sendo votadas é preciso entrar no site da empresa. Nos panfletos distribuídos pelo parque as opções apresentadas são somente: mais lazer, mais cultura ou mais esporte, sem especificar as obras que estão sendo planejadas.

O supervisor afirma, ainda, que para além do projeto ganhador da consulta, a Pepsi já fechou outros compromissos, tais como a renovação da iluminação e de floreiras, a colocação de placas de sinalização. Apesar de no site da empresa afirmar que ela colocará segurança no parque, Luiz Alberto alerta que isso é de responsabilidade da Brigada Militar e da secretaria de segurança, uma vez que o local é público.

Esse tipo de termo não é nenhuma novidade. Em Porto Alegre, cerca de 80 praças já são adotadas por empresas privadas. Estabelecida no governo municipal de Alceu Collares, a lei complementar 136 , de julho de 1986, cria a adoção de praças, parques, áreas e equipamentos de lazer e de cultura por órgãos e entidades. Em contrapartida, esses podem veicular publicidade nos locais que adotarem.

A legislação, entretanto, sofreu modificação, aprovada pela Câmara dos Vereadores em março desse ano. Houve a ampliação da possibilidade de adoção, agora estendida para monumentos, rótulas e áreas verdes da malha viária, de elevados e de viadutos. Além disso, a nova lei permite que mais de duas empresas, em consórcio, adotem uma mesma área, ou que uma entidade adote duas áreas diferentes. A prefeitura , representada pela SMAM, fica com a responsabilidade de controlar a difusão de propaganda dos adotantes, especificando quais os materiais, as dimensões e a localização dessas.

A Fome de Regina


O caminho de Regina

Dia 27 de abril. Regina sai às 11h da Vila Carlota em Viamão, vai até o centro da cidade e se dirige a Porto Alegre. Caminha cerca de cinco horas tendo comido apenas algumas bolachas encontradas no lixo. O que a move a fazer essa jornada é um só motivo: a luta pela sobrevivência.

Quando encontro Regina nesse mesmo dia, por volta das 21h, ela está preparada pra dormir na frente do Unibanco, localizado na Rua Andradas. O lugar em que vai se deitar está protegido com pedaços de papelão, que servem como cama. A noite está fria,e Regina possui somente um pequeno pano, com o qual cobre os pés. Apesar da situação em que se encontra, ela se arruma. Suas unhas estão pintadas com um esmalte já envelhecido e faz tranças no cabelo.

Com 52 anos, Regina vai dormir na rua. O mais estranho, porém, é que ela diz possuir uma casa, que sabe precisar onde fica: rua 48, número 439, Vila Carlota em Viamão. Foi de lá que afirma ter saído no final da manhã em busca de esmolas e de comida. Sem ter como se alimentar, vai até Porto Alegre com a esperança de encontrar mais do que as migalhas que come do lixo de sua cidade. Várias vezes, sem obter sucesso na tentativa de carona em ônibus, ela faz esse caminho. Já chegou a desmaiar de fome. Em uma ocasião, diz ter caído e agonizado tanto, que sua boca expeliu uma água esverdeada, restos da única refeição que havia feito naquele dia: salada verde tirada de uma lixeira.

Casa e família

A necessidade de procurar meios de sobrevivência, no entanto, não é recente. Desde que o marido a abandonou com quatro filhos, Regina tem dificuldades para garantir o seu sustento. O antigo companheiro, que já a bateu, não é alvo de críticas, pois nunca a tinha deixado passar fome. Porém, a estabilidade que acreditava possuir estando casada foi dissipada quando, há cerca de 26 anos, ele avisou que estava saindo para ir à venda e nunca mais voltou.

A casa onde morava na época foi, aos poucos, sendo despovoada. Depois da saída do marido, por falta de alimento e sem emprego, o desespero a fez dar os filhos. Como mãe, declara que essa era a única atitude a ser tomada, já que não existia a menor possibilidade de sustentá-los e, por isso, não sente saudade e nem remorso por tê-los dado. Os mais velhos, ambos meninos, ela entregou para seus pais. As duas meninas ainda continuaram um pouco mais em casa, porque ninguém aceitava cuidar de mulheres. Mais tarde, uma delas casou com apenas 14 anos e a outra foi aceita pelos avós.

Regina, sem encontrar alternativa, deixou o lar e foi esmolar nas ruas, chegando a ficar mais de sete meses ininterruptos dormindo na Marechal Floriano Peixoto, esquina com Jerônimo Coelho, de onde diz ter sido retirada pela polícia. A antiga moradia foi vendida pelo irmão Luís.

O dinheiro que o irmão ganhou com a venda da casa, usou para construiu um barraco em um terreno que o pai cuidava. Mas Luís não o usava, pois morava em outro local. O pai fez uma “maloca” - como descreve sua atual casa - pra ela nos fundos do mesmo terreno e, há cinco anos, mesmo saindo e dormindo algumas noites na rua para pedir alimentos, Regina tem um teto.

Entretanto, quatro meses atrás, o irmão foi morar no terreno com uma amante e não a aceita morando nos fundos. Devido às brigas, Regina não consegue ficar em casa. A porta de sua maloca está sem fechadura e, frequentemente, vizinhos e familiares entram e roubam até mesmo os restos de arroz e de feijão que ela junta do lixo e leva para aquecer no velho fogão de duas bocas que ainda resiste aos assaltos.

Internação

Abandonada por todos, apesar de não assumir, percebo que Regina sofre pela falta de amor de seus familiares. Com um misto de raiva e de tristeza no olhar, ela fala sobre as duas vezes que seu pai a mandou para o hospício. O relato, em certos pontos, é furioso e ela passa a se referir à figura paterna como a de um louco.

As internações, primeiro de três semanas no Hospital Espírita e depois de um mês no Hospital São Pedro, a fazem tremer. Nesse último período, a medicação que davam a fez ficar com as mãos e a boca tortas e, ainda, a fez espumar pela boca. Essa estadia no hospício quase a matou e ela demorou um ano para se reabilitar.

Após cerca de uma hora de conversa, despeço-me de Regina. Ela me explica que pretende ficar na rua até primeiro de maio, dia em que acredita já ter conseguido, além da comida, dinheiro suficiente para fazer a carteira de identidade, que lhe haviam roubado. Combino, então, um novo encontro no dia seguinte pela tarde, agora na rua Marechal Floriano Peixoto, onde ela diz que vai estar esmolando.

No dia combinado, logo que chego para conversar, por volta das 16h, vejo no rosto de Regina um sorriso radiante. Isso tudo porque tinha feito uma refeição com o dinheiro que arrecadou na rua. Um pastel e um refrigerante do bar da esquina onde esmola são os motivos da alegria. Além disso, ela mostra bananas, biscoitos, maçã e uma lata de coca-cola que ganhou nas ruas. Hoje a fome não a atormentará.

Sobrevivência

Nosso papo continua e, aos poucos, descubro outros detalhes da vida de Regina. Após a separação, ela teve mais cinco filhos, todos de pais diferentes. E se desfez de todos. Eles foram a forma que encontrou de ter emprego, pois somente quando estava grávida, ela os conseguia.

Na última gestação, porém, - há quinze anos - a barriga não sensibilizou as pessoas a darem trabalho para ela. Sem comida, alimentava-se das frutas podres jogadas perto das fruteiras do centro. Em uma sacola de plástico, juntava, uma a uma, do chão e, em casa, tentava separar as parte estragadas das partes boas. E isso a manteve em pé para dar à luz ao seu nono filho, uma menina.

Fico curiosa para saber sobre a infância de Regina. Ela diz não se lembrar muito desse tempo, somente das surras do pai e das poucas conversas com a mãe. A palavra que usa para definir a família é esculhambada. Os pais sempre dormiram em camas separadas. Desde pequena se lembra de vagar pelas ruas, depois que seu pai a expulsava de casa. Afirma não ter nenhuma saudade dos tempos em que morava com eles e com os três irmãos, pois nunca foram bons. Seus familiares são como estranhos. Apesar de os ver com certa frequencia, não tenta estabelecer nenhum tipo de diálogo, porque sempre tudo termina em brigas, gritarias e xingamentos.

Vozes da fome

Nesse segundo encontro, a lucidez de Regina, antes tão evidente para mim, parece se esvair. O discurso começa a se tornar confuso e ela passa a mostrar sinais de que se sente, constantemente, perseguida e vigiada.

Descubro que, além das duas vezes que o pai a mandou para hospício, ela teve outra passagem rápida - de três semanas - no Hospital Espírita. Sem saber dizer quando isso ocorreu, conta que estava na rua e duas mulheres passaram. De repente, uma começou a gritar que Regina tinha batido nela e, em seguida, já havia chegado a polícia. Logo após, chegou a equipe do hospital, que a amarrou e a internou.

O curioso dessa história, porém, é o fato de Regina insistir que não bateu, mas que alguém a fez dar um empurrão na mulher, como se existisse uma “força” que a levasse a tomar tais atitudes. E é essa mesma “força” que ela diz ser culpada por a fazer engravidar cinco vezes depois do término do casamento.

Já não consigo compreender bem e nem acompanhar tudo o que Regina relata. Ela conta que a sua vida é dividida entre claro e escuro. Em alguns momentos, fica imersa em uma escuridão, que não a deixa enxergar e nem ouvir. Isolada do mundo, não sabe nada que está acontecendo. Porém, o claro a conduz à normalidade. As vozes de seus familiares e de seus vizinhos a acompanham. Mesmo invisíveis, ela os escuta e eles não a deixam comer.

A fome, tão presente no primeiro dia de nossa conversa, já não existe mais. Ela agora diz que, mesmo quando fica um dia inteiro sem comer, não sente isso. Já desmaiou por não ter comido, mas o que para mim fica evidente como sendo a fraqueza pela falta de nutrientes, ela explica de outra forma. Um buraco em sua barriga começa a se abrir e vai aumentando gradativamente, até que um espírito a derruba no chão.

Sobre os restos que já pegou do lixo em Viamão, diz que nada fez mal à saúde. A boca tem uma enorme ferida, que ela atribui a um chocolate dado por uma moça, mas nunca às comidas que encontra.

A nossa conversa, novamente, chega ao fim. Regina diz que estará me esperando no dia seguinte. A minha idéia é encontrá-la até ela voltar para Viamão. No entanto, quando chego na rua Marechal Floriano, não há nenhum sinal de Regina.

Procuro pelos arredores, vou até a frente do Unibanco na Andradas, onde a encontrei pela primeira vez, mas ela já não está mais. Talvez tenha voltado para casa. Ou talvez, mais uma vez, alguém a tenha tirado das ruas para levá-la a um hospício qualquer. A única certeza que tenho é que Regina não está mais lá.

Torço para que ela tenha saído das ruas por ter conseguido comida e dinheiro antes do tempo previsto, primeiro de maio. Torço para que o buraco que se abre em sua barriga possa um dia ser fechado. Torço para que Regina possa, pelo menos, fazer o que parece tão simples para nós: comer todos os dias.